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Limpe a casa contra mau olhado e feche o corpo contra interesseiros

Há momentos em que o ambiente parece pesado, as plantas murcham sem razão aparente e até os sorrisos dentro de casa perdem o brilho. Nesses dias, é sinal de que a energia precisa ser varrida, lavada e protegida. A sabedoria popular ensina que o corpo e o lar também se sujam — não de poeira, mas de inveja, mau olhado e vibrações que sugam a alegria alheia.

O primeiro passo é o banho de sal grosso, poderoso aliado da purificação. Dissolvido em água morna, ele limpa o corpo energético e renova o espírito. Deve ser tomado do pescoço para baixo, em silêncio, pedindo que toda carga negativa seja levada pelo ralo. É um ritual simples, mas ancestral, praticado desde os tempos em que o sal era moeda e amuleto.

Depois, vem o patuá, guardião discreto que se carrega junto ao peito ou dentro da bolsa. Pode conter grãos, ervas secas, fitas e símbolos de fé. Cada patuá é único — o importante é que nasça da intenção sincera de afastar os falsos amigos e proteger o coração dos interesseiros que rondam com promessas doces e intenções amargas.

Por fim, a folha de arruda, rainha das defesas espirituais. Plantada à entrada da casa ou colocada atrás da orelha, ela afasta olhares invejosos e neutraliza energias densas. Diz o ditado que “onde há arruda, o mal não se achega”. E é verdade: seu perfume forte não é apenas aroma, é escudo.

Fazer a limpeza da casa e o fechamento do corpo é, acima de tudo, um ato de amor-próprio e fé. Não se trata de superstição, mas de respeito ao invisível — àquilo que sentimos, mesmo sem ver. Porque, no fim das contas, proteger-se é o primeiro passo para continuar doando luz, sem deixar que a escuridão dos outros apague a nossa chama.

Às vezes, o que mais precisamos não é de novos caminhos, mas de limpar as poeiras invisíveis que se acumulam na alma. Um punhado de sal, uma folha de arruda e a fé que cabe em um patuá são lembranças de que o sagrado mora nas coisas simples. Quando a casa cheira a ervas frescas e o coração respira em paz, até o vento parece trazer boas notícias — e nenhum olhar invejoso tem força para atravessar o brilho de quem anda protegido pela própria luz.

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Anabelle Santa’cruz é Editora de Oráculos

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