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Louco chama doidos de malucos e vê o Brasil como sanatório geral

Ontem assisti ao depoimento de Bolsonaro no STF. Confesso que, se não fosse trágico, daria uma ótima comédia de humor involuntário. Lá estava ele, sorrindo, soltando umas risadinhas, tentando se defender com aquele jeitão de “eu nem estava lá, Excelência”, como quem quer convencer o delegado de que só passou na cena do crime pra comprar um pão.

Agora, o ápice da audiência foi quando Bolsonaro, com a cara mais lavada do planeta, chamou de malucos os seus próprios seguidores. Sim, aqueles mesmos que ficaram semanas acampados na porta dos quartéis, debaixo de sol, chuva e fake news, pedindo intervenção militar como se golpe de Estado fosse promoção de Black Friday. Gente que largou emprego, família, casa e banho para dormir em barraca e rezar por um golpe imaginário. E agora? Descobriram, pela boca do próprio ídolo, que eram só malucos.

É uma cena digna de manual de abandono político: o chefe foge, entrega todo mundo, e ainda faz piada. Aquela galera que vestia camisa da Seleção, carregava faixa com o rosto dele, rezava ajoelhada no asfalto quente… agora virou caso de sanatório na narrativa oficial.

Fico pensando se, nesse exato momento, enquanto Bolsonaro fala, não tem um deles assistindo em casa, ainda vestido de verde e amarelo, com a bandeira pendurada na sala, tentando entender onde foi que errou. Spoiler: foi lá atrás, quando acharam que democracia era opcional.

Mas enfim, vida que segue. Uns rindo, outros sendo indiciados, e o Brasil, como sempre, nesse eterno episódio de tragicomédia.

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