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Luz, câmera, ação. Como vai ficar o cinema?

Como andava o cinema brasileiro antes da pandemia do novo coronavírus? Um quadro bem realista foi traçado pela TV Brasil, no programa Caminhos da Reportagem. A questão agora é saber como o setor audiovisual deve ser afetado com os efeitos da Covid.

Desde o início da pandemia, as salas de cinema do mundo inteiro foram fechadas, produções de filmes, séries e outras produções audiovisuais estão paradas, estreias foram adiadas e festivais de cinema foram cancelados. A pandemia de covid-19 deve ter um grande impacto na indústria cinematográfica de todo o mundo e, consequentemente, em todo o dinheiro que essa economia movimenta.

A crise também abriu espaço para um setor dentro da indústria audiovisual que já estava em crescimento: o streaming. Em 2019, uma pesquisa do Ibope Conecta e Omelete Group indicava que o setor deveria arrecadar R$ 180 bilhões, número que pode ser ainda maior com o isolamento social, que fez com que as pessoas passassem a consumir ainda mais o serviço de assinatura de filmes e séries.

Só no Brasil, a indústria cinematográfica gerou R$ 17,635 bilhões e teve mais peso no PIB que atividades como a indústria têxtil (R$ 15,548 bilhões), a produção de açúcar (R$ 12,726 bilhões), a indústria de cosméticos (R$ 11,398 bilhões) e o transporte aéreo (R$ 10,042 bilhões), segundo as Contas Nacionais de 2017, divulgadas pelo IBGE.

Nos últimos anos, além de ter uma participação considerável no PIB do país, as produções de audiovisual passaram a gerar arrecadação e empregos. Para cada R$ 1 investido no cinema brasileiro, havia o retorno de, no mínimo, R$ 3 em tributos aos cofres públicos, segundo o Anuário 2018-2019 do Brasil Audiovisual Independente (BRAVI).

Qualidade e prêmios
No exterior, a produção do Brasil é reconhecida pela qualidade e criatividade, como no Marché du Film, maior mercado de cinema do mundo que ocorre durante o Festival de Cannes, na França, que, este ano, foi cancelado. Apenas o Marché du Film vai ocorrer de forma on-line entre 22 e 26 de junho.

Em 2019, o Brasil esteve em Cannes com oito filmes exibidos em uma das mais competitivas mostras do mundo. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, levou o prêmio da crítica no festival e A Vida Invisível de Euridice Gusmão, do cineasta Karim Aïnouz, venceu a mostra paralela Un Certain Regard.

Para Karim Aïnouz, os prêmios são reflexo da qualidade do que é produzido no Brasil e é preciso dar continuidade ao que está sendo desenvolvido nos últimos anos. “É muito importante que a minha geração e a geração que vem depois da gente faça um cinema que chegue ao público, um cinema que encante, que assombre, que nos deixe alegre, que nos deixe com raiva, mas mexa com a gente”.

Durante o Marché du Film no ano passado, vários diretores e produtores brasileiros fizeram negócios e fecharam coproduções. A diretora Lais Bodanski, que fez “Bicho de Sete Cabeças” e “Como Nossos Pais”, e que hoje é presidente da SP Cine, enfatizou a importância do Brasil nesse mercado. “A gente não é um país qualquer, a gente tem voz, é mercado, economia consumidora e também uma economia que realiza”, afirmou.

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