Vivi como quem atravessa um deserto sem mapa,
com os olhos marejados e o coração em silêncio,
tentando decifrar enigmas que a vida escondia,
sem encontrar respostas, apenas ecos.
Caminhava como engrenagem sem alma,
programada para existir, mas não para sentir.
E quando percebi, foi como um raio sem aviso:
a vida me havia deixado tantas vezes,
e minha essência, teimosa, insistia em voltar.
“Chega!” eu gritava para dentro.
“Não vês o quanto dói?”
Mas ela, firme, respondia:
“Não reclame. Viva. Cante. Chore. Ria.
Não sorria por obrigação. Ria com verdade!”
Das cinzas me ergui mais vezes do que posso contar.
Rastejei por entre escombros de mim mesma,
e com lágrimas fiz barro,
para que minha alma encontrasse repouso.
O que ela não sabia e eu também não
é que, apesar de tudo, eu amava a vida.
Por isso, voltávamos juntas,
como duas viajantes que se recusam a desistir.
Conheci o peso da sombra,
a densidade de um mundo sem cor,
mas mesmo assim, a beleza da vida me tocava.
A menina que fui conheceu a ausência cedo,
a jovem sentiu o peso da perda,
a mãe enfrentou o abismo da solidão.
Mas mesmo assim, eu dizia:
“Não é uma opção desistir.
Eu amo a vida.”
O amor que conheci mora nas alturas,
e tudo o que a vida me reservou
foi tecido com fios de esperança.
Minha alma não me deixou partir,
porque ela sabia e agora eu também sei
que viver é um ato de coragem.
Sou feita de carne, sim,
mas minha alma é feita de luz,
frágil e forte, guerreira e sensível,
sempre buscando o lado que poucos enxergam.
Caminho com lágrimas,
mas que sejam de amor,
nunca de esquecimento por mim mesma.
Aprendo a cada dia,
e celebro o perfume das flores,
o canto dos pássaros,
o frescor das manhãs,
o sopro do ar que me abraça.
Recebo a vida com respeito,
e mesmo quando ela tropeça,
sei que o amor a erguerá comigo.
Hoje, conheço o amor mais puro.
Ele me espera em cada amanhecer.
Cada dia é mais belo que o anterior.
Agora, mais do que nunca,
amo a vida com a força de um furacão,
porque esse é o amor que pulsa em mim.
A vida foi feita para ser amada,
com intensidade, com entrega,
com lágrimas que lavam, não que afogam.
Não a force ela se desfaz.
Ame-a com o amor que nos foi dado ao nascer.
Sou bem mais que uma fênix.
Sou o próprio fogo que renasce,
a própria brisa que acaricia,
a própria luz que insiste em brilhar.
