Outro dia, alguém fez uma cara de espanto quando eu mencionei, com todas as letras, sem eufemismo ou metáfora, que estava menstruada. Achei que a pessoa ia cair dura no chão.
Gente, menstruação! Aquele acontecimento mensal que chega pontualmente (ou não) para lembrar que o útero segue firme na sua carreira solo de drama e intensidade.
É surreal que, em pleno 2025, com carro que estaciona sozinho, geladeira que avisa quando o leite acabou e gente vendendo consultoria pra ensinar a respirar, a gente ainda tenha que sussurrar “menstruação” como quem está passando uma senha secreta da KGB.
“Naqueles dias”, “minha amiga chegou”, “estou de lua”, “estou com visita”. VISITA DE QUÊ? A menstruação não é visita, é moradora fixa que entra sem bater, suja tudo, consome chocolate e ainda mexe no nosso humor.
É como se o corpo estivesse gravando um filme do Tarantino dentro do útero: tragédia, drama e sangue, muito sangue. E você lá, tentando fingir que tá tudo bem, sorrindo no trabalho, enquanto o útero parece estar do avesso.
E o mais engraçado (ou trágico) é que algumas pessoas ainda ficam constrangidas quando você diz que está menstruada. Como se fosse um ato revolucionário você avisar: “vou fazer atividades menos intensas porque estou sangrando pela genitália de forma natural e cíclica, obrigada.” Querido, se você não aguenta ouvir a palavra “absorvente”, imagine viver com um dentro da calcinha por 5 dias, fazendo engenharia hidráulica improvisada com medo de um vazamento inesperado.
Menstruação é tão natural quanto bocejar, espirrar ou ficar indignada com as inúmeras fake News. Só que, ao contrário dessas outras coisas, ela ainda vem com dor, inchaço e uma vontade incontrolável de chorar sem nenhum motivo.
Então, sim, estou menstruada. Com orgulho, com cólica, e com um estoque de chocolate estrategicamente posicionado ao alcance da mão. E se alguém quiser fingir que isso é feio ou sujo, eu sugiro que primeiro vá conversar com o próprio intestino. Afinal, todo corpo tem seus dramas, só que o da menstruação é mais sincero.
