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NÃO É FÁCIL ENTENDER ESSE MUNDO…

Quando digo que somos seres complexos quero dizer, simplesmente, que não é fácil entender a dinâmica de cada pessoa. Aquilo que para um é líquido e certo, para o outro nada quer dizer. Por que você acha que é tão difícil para as pessoas se entenderem? É porque cada uma tem uma visão sobre o que seria o certo… e quando temos convicção de alguma coisa, mudar nossa maneira de pensar não é uma tarefa simples…

Por mais que tentemos ver o mundo pelos olhos de outra pessoa, tal tarefa se mostra quase que uma missão impossível. E por um motivo simples… mesmo que vislumbremos um pouquinho do mundo alheio, essa visão contará com nossa interpretação pessoal. Que poderá não coincidir com aquilo que o outro percebe…

Não é por outro motivo que, para que algo feito em grupo dê certo, se faz necessário intermináveis reuniões, onde arestas tem que ser aparadas, até que a superfície fique perfeita. Quando simplesmente lançamos uma ideia e partimos para sua realização as chances da mesma dar errado são enormes, simplesmente porque cada um executará aquilo de acordo com o que entendeu. E aí começarão as discrepâncias…

Essas divergências existem em todos os níveis de relacionamento. A começar pelo núcleo primário de todos os grupos sociais… a família. Sim, é nesse primeiro núcleo de vida coletiva que as divergências de pensamento começam a ser construídas. O que de certa forma é estranho, se pensarmos bem sobre o assunto. Afinal, duas almas se juntam para formar uma família. Elas comungam de ideias semelhantes. Chegam seus rebentos e o casal em questão passa para estes tudo aquilo que é a essência do pensamento familiar. A junção das ideias do pai e da mãe. Então todos deveriam seguir a mesma linha de raciocínio, não é mesmo? Porém não é isso o que acontece…

Embora em princípio a criança receba os ensinamentos… podemos até dizer a doutrinação… vindos de seus pais, não podemos nos esquecer que estes não comungam das mesmas ideias. E não raro, costumam divergir na frente de seus educandos. E essas divergências vão criando uma barreira quanto ao entendimento das mensagens recebidas. “Afinal, isso é certo ou errado?” “Devo ou não seguir tal linha de ação?” “Papai disse que devo agir assim, mamãe falou que isso não é certo!”… Deu para perceber que nossas divergências vão criando dúvidas na cabecinha de nosso broto. E mesmo que instintivamente, este vai procurar respostas fora daquele núcleo que deveria ser claro e conciso. Que deveria ser acolhedor. Mas que muitas vezes não se mostra nem uma coisa nem outra…

Nós não entendemos de imediato o quanto as discussões de um casal em frente aos seus filhos lhes é prejudicial. Quer dizer, sabemos. Mas nosso inconsciente simplesmente ignora essa verdade simples e nos faz digladiar frente às crianças, tentando impor nosso ponto de vista. Algumas vezes, alterando a voz, como se gritar nos ajudasse a ganhar a discussão…

Há regras básicas para a boa convivência. Porém, por motivos vários, acabam não sendo aplicáveis em nosso dia a dia. Costumamos adaptar algumas ideias que nos parecem boas, pois nos deixam confortáveis. Mas nem sempre nossa visão de como agir pode ser considerada a mais indicada para aquele momento em particular. Porque nossa visão é enviesada e acabamos por ter um panorama deturpado daquilo que realmente ocorre a nossa volta…

Como eu disse, embora as primeiras impressões que o novo ser recebe são de seus genitores, conforme vai se desenvolvendo irá procurar respostas fora desse círculo primevo. Porque as respostas oferecidas não lhe satisfazem. E é nesse momento que haverá o início do distanciamento da linha de pensamento… pois, dependendo do caminho escolhido para adquirir novos conhecimentos, tudo aquilo que recebeu como herança materna em nada coincidirá com a nova visão que o mundo lhe mostrará…

Essas mudanças serão imperceptíveis no início. Principalmente porque as pessoas do núcleo familiar não estarão interagindo na mesma frequência. Cada um está recebendo as mensagens à sua volta de acordo com sua percepção pessoal. E é quando certos detalhes escapam da análise necessária, para que se pudesse corrigir a rota seguida pelos pequenos…

A vida não é fácil. Viver em Sociedade não é fácil. Viver não é fácil. Mas seguimos sempre em frente, rezando para que as decisões em nosso dia a dia estejam em comunhão com aquilo que é esperado pelos demais membros do grupo do qual participamos. E nessa luta diária, tentamos decifrar as mensagens que nos são enviadas a todo instante… alguma, traduzimos corretamente. Outras, se perdem no poço de nossa ignorância, pois não conseguimos compreender o que realmente estas queriam dizer. E assim vamos seguindo, agregando conhecimento, nem sempre da forma correta. Pois como eu disse, a interpretação de cada mensagem é muito pessoal, baseada naquilo que consideramos “certo” ou “errado”…

O que podemos fazer, se essa é a nossa natureza? Bem, tudo que podemos esperar é que tomamos sempre a decisão mais acertada e que servimos de exemplo para nossos rebentos. Que conseguimos transmitir uma mensagem clara para estes, passando nossos valores em toda sua integridade. Mas… quem disse que nossos valores serão os melhores para estes seguirem em sua caminhada por esse plano? Apenas nossa fé em nós mesmos e em nossas convicções… tudo que podemos esperar… e desejar… é que nossos filhos consigam ver a Luz que tão desesperadamente tentamos lhes mostrar… e que sua caminhada rumo ao Nirvana seja tranquila, sem percalços…

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