Vivemos em um mundo onde cada um tem sua própria realidade. Chamamos de “identidade”, porém é um pouco mais complexo que isso. Porque embora prezemos nossa individualidade, há vários parâmetros que regulam nossa forma de agir. Mesmo que inconscientemente, temos algumas diretrizes s que não nos é permitido ignorar…
Ser quem você é de fato é um luxo permitido a poucos em nossa Sociedade… somente aqueles que não se importam de pagar o preço por tal ousadia. E o preço nem sempre está ao nosso alcance. Porque há várias nuances que nos escapam e isso torna tudo um pouco mais difícil de se administrar…
Muito de nossa conduta tem a ver com a Sociedade onde estamos inseridas. O que em alguns grupos é normal, corriqueiro, em outros é uma grave ofensa aos princípios básicos de civilidade. Ou seja, a moral e os bons costumes são tão voláteis quanto a brisa que sopra no entardecer…
Não sabemos quem ditou as regras que usamos como parâmetro em nossa jornada. O que sabemos é que alguém disse que “essa é a forma correta de se viver” e independentemente de gostarmos ou não, seguimos tais diretrizes sem questionar. Pois os líderes de nossos grupos dizem que este é o caminho correto…
Apesar de sermos unos, participamos de vários grupos ao mesmo tempo. Procuramos sempre aqueles que tem algo em comum com nossa linha de pensamento. Muitas vezes nos enganamos em nossa escolha e acabamos por fazer parte de grupos cujos objetivos são totalmente divergentes em relação a nós. Porém, se os líderes em questão têm uma boa oratória, podem nos convencer a permanecer em tal grupo e acabamos por militar contra nós mesmos… absurdo? Nem tanto…
Existem vários grupos sociais espalhados por esse Plano. E participar de algum deles não é uma escolha nossa, é necessidade de sobrevivência. Mas muitas vezes, iludidos por falsas promessas, acabamos por participar de associações que nada tem em comum com nossa forma de viver, de ver o mundo ao nosso redor… acabamos sendo convencidas de que tais diretrizes serão benéficas não somente para nós como também para aqueles que nos rodeiam…
Uma coisa que sempre esquecemos é que em uma mesa de jogo de azar a banca sempre ganha. E, infelizmente, a vida é um grande cassino, onde as apostas sempre são altas. E as chances são sempre contra aqueles que estão se sentando à mesa pela primeira vez…
Há várias agremiações nos acenando para que façamos parte de seu corpo. É algo necessário para o grupo… se não conseguir seguidores, tal entidade definha e acaba sendo esquecida nas esquinas da vida. Quantos e quantos grupos já não passaram por sua vida e hoje sequer são lembrados? A todo instante nasce uma nova entidade e na mesma velocidade outra entra em declínio…
Apenas um grupo social ao qual pertencemos não foi escolhido por nós… a Família Primordial. Somos fruto da união de duas pessoas que em determinado momento de sua vida encontraram vários pontos em comum e resolveram ficar juntos, iniciando um novo núcleo social. Provavelmente não tinham a menor noção do que realmente estavam fazendo, da importância do ato que levavam a cabo. E nem se deram conta do trabalho hercúleo que teriam para manter as bases de tal grupo pelas décadas que viriam a seguir. Sim, administrar um grupo familiar não é fácil nem simples. Exige dedicação dos dois membros fundadores de tal associação…
Haverá momentos em que dúvidas assaltarão aqueles que estarão no comando de tal núcleo. O medo de fracassar, de ambos os cônjuges, estará presente em todos os momentos de suas vidas em conjunto. E essas dúvidas apenas aumentarão, conforme o tempo for passando e novos membros forem agregados ao grupo inicial…
Quando for a hora de passar seus valores para os brotinhos da família, o medo de errar poderá fazer com que muitas vezes os responsáveis pelo grupo errem a mão… afinal, como já diz o ditado, “de boas intenções o inferno está cheio”…
Sim… viver não é fácil. E ensinar a viver é muito mais difícil ainda, pois estaremos passando valores que nos foram entregues no passado. E alguns dos ensinamentos que recebemos não cabem mais na nova realidade do mundo no qual vivemos… pois a Sociedade como um todo tem a sua própria dinâmica e nos faz evoluir (ou involuir, depende do ponto de vista) mesmo que não tenhamos noção de tal fato…
E é nessa formação que recebemos que as travas sociais serão implantadas, onde nossa verdadeira face será obrigada a se manter secreta, pois quem somos realmente não cabe na vida social. Não naquela que vivenciamos no momento em questão…
Oxalá um dia possamos viver em toda nossa plenitude, sempre procurando o melhor para o grupo, sem abrir mão de nossas convicções. Não é uma tarefa simples… haveria necessidade de uma convergência de pensamento de todos os grupos sociais, reconhecendo que o mais importante em nossa vida é sermos felizes… mas o que realmente existe é a divergência, e contra isso temos muito caminho a percorrer, até que vençamos tal percalço…
