A dificuldade de interpretação textual é, muitas vezes, atribuída ao tipo de texto, como se a estrutura ou o gênero literário fossem os principais responsáveis pela incompreensão. No entanto, o verdadeiro obstáculo reside na capacidade do leitor de processar, refletir e atribuir sentido ao que está sendo lido. Seja uma poesia breve e subjetiva, uma crônica leve ou uma dissertação lógica e objetiva, quem não desenvolveu habilidades interpretativas encontrará barreiras semelhantes em qualquer formato.
Essa limitação não tem relação direta com o tamanho do texto ou com o vocabulário empregado, mas sim com a falta de familiaridade com a leitura crítica e com a tendência à superficialidade. Muitos leitores, por não dominarem aspectos como contexto, ironia, intencionalidade e argumentação, acabam distorcendo ideias simples ou perdendo nuances fundamentais da mensagem.
Além disso, vivemos em um tempo em que a leitura tem sido fragmentada e apressada, muitas vezes mediada pelas redes sociais e conteúdos rápidos, o que compromete a formação de leitores atentos. Isso contribui para a dificuldade generalizada em lidar com textos que exigem mais do que uma leitura literal.
O problema não está no texto. Está no preparo do leitor. A boa compreensão depende de um olhar atento, de repertório e de disposição para interpretar com profundidade. E isso vale para qualquer tipo de conteúdo, simples ou complexo, direto ou simbólico.
