Aprendi que sentir é inevitável, e, mais que isso, é necessário.
O problema é que muita gente trata sentimento como papel velho: dobra, guarda na gaveta e finge que não existe. Só que ele está lá, ocupando espaço, embolorando, ganhando peso. Uma hora, a gaveta não fecha mais.
Também não é saudável diminuir a importância do que sentimos, como se fosse exagero ou drama. Fingir que não dói, que não incomoda, que não importa, é um jeito silencioso de se machucar. Quando não damos nome ao que sentimos, quando não falamos sobre o assunto, deixamos que aquilo encontre outros caminhos para sair, e, quase sempre, eles não são os mais gentis com a gente.
Acredito de verdade que essas atitudes nos adoecem aos poucos. É como uma infiltração: começa pequena, mas, se ignorada, enfraquece toda a estrutura. Por isso, prefiro abrir a gaveta, encarar o que está lá dentro, mexer, organizar, jogar fora o que não serve e cuidar do que ainda precisa de atenção.
Sentir é viver. Negar o que sentimos é sobreviver pela metade.
