O retratado de hoje em O Lado B da Literatura é ninguém menos do que o grande escritor José Cândido de Carvalho, nascido em Campos dos Goytacazes no dia 5 de agosto de 1914, falecido em Niterói no dia 1º de agosto de 1989. Além do ofício de escritor, esse conterrâneo de gente talentosa, entre os quais do craque dos gramados Didi e do estupendo ator Tonico Pereira, também era advogado e jornalista.
José Cândido ocupou, a partir de 1974, a cadeira de número 31 na Academia Brasileira de Letras. Mas voltemos aos tempos de estudante desse que é considerado por muitos como o maior escritor brasileiro do realismo mágico, quando chegou a trabalhar como ajudante de farmacêutico, bem como em uma refinaria de açúcar.
Como jornalista, trabalhou no jornal “O Liberal”, em 1930. Inicialmente como revisor e, em seguida, passou a ser redator, inclusive de outros veículos jornalísticos como “O Dia”, “Gazeta do Povo” e “Monitor Campista”. Isso quando ainda residia em sua terra natal.
Já em 1937, José Cândido se formou em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Fato curioso sobre a carreira como advogado é que foi mais breve do que beijo na namorada enquanto na casa dos sogros. É que ele abandonou a profissão já no primeiro caso.
Trabalhou ainda como jornalista no jornal “A Noite”, agora na cidade do Rio de Janeiro, então capital do país. Também dirigiu o jornal “O Estado”, isso a convite do então interventor do Estado do Rio, Amaral Peixoto. Por conta dessa situação, trocou o Rio de Janeiro por Niterói.
José Cândido de Carvalho, cuja obra mais aclamada é “O coronel e o lobisomem”, considerada o maior clássico do realismo mágico brasileiro, é, até hoje, aclamado por autores contemporâneos, entre os quais o polêmico Cadu Matos. Este, aliás, aponta José Cândido como o maior expoente do realismo mágico, mas nem todo mundo tem o mesmo pensamento.
Em vídeo polêmico, o escritor e editor do Café Literário, Eduardo Martínez, apesar de enaltecer as qualidades de José Cândido de Carvalho, o colocou em segundo lugar, logo atrás do Cadu Matos. Quem concorda com tal opinião é a minha colega de redação Cecília Baumann, a Ceci, que é leitora voraz dos contos do Cadu.
Para dirimir qualquer dúvida, recorri ao outro editor do Café Literário, o também escritor Daniel Marchi, que, ao contrário do José Cândido, é advogado, mas atuante há mais de duas décadas. Eis a sua resposta: “Meu caro Condé, veja bem, o José Cândido tem o meu respeito, mas o trabalho que o Cadu vem desenvolvendo merece atenção.” Será que o meu colega ficou no muro?
Que seja o primeiro, que seja o segundo, não importa. Opiniões à parte, não resta dúvida de que José Cândido de Carvalho foi e continua sendo um dos grandes nomes da literatura brasileira de todos os tempos e, por isso, merece ser lido.
…………………..
Cassiano Condé, 82, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.
