Li por aí que o dono da Meta, empresa que controla o WhatsApp, disse que o brasileiro é o povo que mais manda áudio. Achei essa informação fascinante. Pode significar muitas coisas. Talvez mostre que uma parte significativa de nós tem dificuldade com a linguagem escrita. Mas também pode ser um reflexo da nossa natureza falante, tagarela, que gosta de conversar, contar histórias, rir e compartilhar a vida. Provavelmente é um pouco das duas coisas.
Eu, particularmente, gosto de pensar que somos falantes. Gente que preenche o silêncio com palavras, que gosta de narrar detalhes, de usar a voz como ponte. A escrita tem sua força: é precisa, poética, lírica, cabe nos livros e nos registros que ficam. Mas a fala tem suas próprias riquezas: as pausas, as entonações, as onomatopeias que não se traduzem em palavras. Uma gargalhada escrita não é a mesma coisa que uma gargalhada ouvida.
Confesso que gosto de mandar e receber áudios, principalmente os longos. Há quem reclame deles, mas eu gosto quando alguém me manda um áudio rindo, gargalhando, se emocionando. De repente, aquela pessoa que está distante invade o ambiente com seu som, com a vida que vem junto da sua voz. É como se a presença dela atravessasse a tela e estivesse ali, comigo. Talvez seja isso que explique esse nosso hábito: não é só uma mensagem, é uma companhia.
No fim, penso que somos um povo que fala para se fazer ouvir, para se aproximar, para não deixar a vida ficar silenciosa demais. E se isso se traduz em áudios de WhatsApp, que seja. Porque, no fundo, é a nossa maneira de manter viva a conversa infinita que é ser brasileiro.
