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O DIA QUE SPINOZA ENCAROU OS EVANGELHOS PROIBIDOS

“[…] os homens não lutam tão ferozmente contra a mentira; eles lutam contra verdades que ameaçam seu poder…

Não existe separação entre corpo e alma, entre matéria e espírito, entre humano e divino; tudo é uma única substância expressando-se de infinitas maneiras…

A mente que compreende a sua união com o todo, não pode sofrer; o sofrimento vem da ilusão de separação e a liberdade verdadeira surge quando compreendemos nossa conexão essencial com tudo o que existe…

Cada pessoa tem acesso ao divino, sem intermediários, sem hierarquias, sem instituições controladoras…

Cada pessoa é a expressão única do divino; cada mente humana é capaz de compreender a verdade por si mesma…

A própria necessidade de salvação é uma mentira: não há nada do qual ser salvo, porque nunca estivemos separados em dimensões; o pecado não é uma mancha na alma humana, mas simplesmente ignorância sobre nossa verdadeira natureza…

Jesus foi o primeiro Spinozista ou talvez eu seja apenas um cristão que compreendeu o que Cristo realmente ensinava.”

____ (Baruch Spinoza, filósofo holandês *1632/ +1677)

E assim seguiu Spinoza, mil e seiscentos anos depois da história oficial da igreja sobre Jesus Cristo.

Uma semana se passou desde que Spinoza havia começado sua investigação nos Evangelhos Proibidos. Naquela manhã, enquanto polia lentes para ganhar o pão de cada dia, uma chispa de luz iluminou suas dúvidas: a verdade sobre Jesus não era apenas filosoficamente revolucionária; era politicamente explosiva.

A cada nova descoberta ficava mais claro os porquês textos como o de Thomé, Felipe e, especialmente o Evangelho segundo Maria Madalena, haviam sido queimados pelas Igrejas Primitivas e seus defensores perseguidos até a morte.

Cada texto que lia, confirmava as tramóias e manipulações sobre as ideias e ações daquele homem, Jesus, muito além do mito. O Cristo havia e continua sendo mal interpretado; não por acidente: por intenção e decisão de poder que deixam vestígios ao longo da história da igreja oficial cristã.

Anos depois, Spinoza foi considerado ateísta e excomungado pela comunidade judaica de Amsterdã. Spinoza era descendente de judeus de origem portuguesa.

Naquele tempo, um homem com 44 anos de idade era considerado um “ancião” para os padrões da época. Pois foi assim, recluso no interior holandês que Baruch Spinoza, o “Maldito”, passou seus últimos dias escrevendo, pesquisando, polindo lentes e ensinado desenho/pinturas.

E provocando, ensinando a pensar.

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*Os Evangelhos Apócrifos (de Thomé, Felipe, Valentin, Pedro, Maria Madalena, o Evangelho dos Doze e outros), continuam banidos pela Igreja por considerá-los “humanos demais” e não inspirados por Deus.

Gilberto Motta: escritor, jornalista, professor universitário e vídeo-documentarista. Mora em uma pequena pousada na comunidade de pescadores e turismo da Guarda do Embaú SC.

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