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O futuro está na palma das nossas mãos

A quiromancia, também conhecida como leitura das mãos, é uma prática milenar que une elementos simbólicos, filosóficos e místicos. Embora muitas vezes relegada ao campo do esoterismo, sua origem e desenvolvimento mostram uma tradição rica que atravessou civilizações, sendo considerada simultaneamente arte divinatória e ciência simbólica. A leitura das mãos, portanto, é um conhecimento esotérico, científico e bíblico. No 37º capítulo do Livro de Jó, versículo VII, o Antigo Testamento assevera que “Deus selou a mão de cada homem, para que todos os homens possam conhecer a sua obra”.

Num primeiro exame, a mão humana se assemelha a um mapa geográfico, onde está projetada a trajetória da vida do indivíduo, cuja evolução ocorre por entre montes, planícies, rios, ilhas e represas. A palma da mão é uma carta geográfica em miniatura, o mapa da sua vida e do seu destino. Entre outras evidências são observadas nas mãos a cor e a textura da pele, a consistência, flexibilidade, temperatura, os montes, as linhas, os dedos, as unhas e uma infinidade de sinais.

Os primeiros registros da quiromancia remontam à Índia védica, onde era ensinada como parte dos conhecimentos astrológicos e médicos do Jyotisha Shastra. Escritos ancestrais atribuídos ao sábio Samhita Valmiki mencionam a análise das mãos como forma de compreender o caráter, a personalidade e o destino de uma pessoa. A tradição indiana influenciou a China, a Mesopotâmia e posteriormente o mundo helênico, onde filósofos como Aristóteles e Hipócrates se referiram à importância das mãos na revelação da saúde e do caráter.

Em verdade vos digo que os montes e as linhas das mãos refletem a relação do corpo com os astros, conceito baseado na doutrina da correspondência microcosmo-macrocosmo, ou seja, “o que está em cima é como o que está embaixo”, axioma amplamente difundido pelos pensadores herméticos. O Mago Paracelso, no livro Opus Paramirum (1567), considera a quiromancia como um recurso complementar na análise do temperamento e das enfermidades. Atualmente, médicos e psicanalistas usam a quiromancia para diagnósticos do corpo e da mente.

Na tradição esotérica renascentista, a mão era vista como um mapa cósmico, contendo sinais que correspondiam aos planetas. Assim, o Monte de Vênus ligava-se ao amor e à sensualidade; o Monte de Júpiter, ao poder e à liderança; o Monte de Apolo à riqueza e à prosperidade, o Monte de Saturno, à sabedoria e ao destino; e o Monte de Mercúrio, à comunicação e à astúcia. As linhas principais – linha da vida, do coração e da cabeça – eram interpretadas como reflexos da vitalidade, das emoções e do intelecto. Há que observar se as linhas estão partidas, fracas, sinuosas ou firmes, contínuas e fortes.

Do ponto de vista histórico, a quiromancia circulou entre os árabes e judeus medievais, chegando à Europa cristã através dos ciganos turcos e espanhóis. Apesar da perseguição pela Igreja, que associava a prática à superstição e bruxaria, a quiromancia resistiu, sendo praticada por médicos, astrólogos e alquimistas, sobretudo no renascimento.

No século XIX, com o advento do ocultismo europeu e o interesse pela parapsicologia, a quiromancia renasceu praticamente das cinzas inquisitoriais. Autores como Adolphe Desbarrolles (Les Mystères de la Main, 1.860) e William Benham (The Laws of Scientific Hand Reading, 1.900) sistematizaram métodos de leitura, associando a mão não apenas ao destino, mas também ao caráter psicológico e ocorrência de eventos fortuitos e trágicos. Suas obras estabeleceram a quiromancia como um campo de estudo híbrido entre ciência e arte simbólica.

O ato de ler mãos não se limita à previsão de futuro, mas é visto como ferramenta para compreender potenciais, desafios e padrões de vida. Dentro do esoterismo contemporâneo, a quiromancia dialoga com conceitos de psicologia arquetípica, sugerindo que as linhas das mãos expressam símbolos interiores e inconscientes.

Assim, a quiromancia permanece viva como prática que une arte, espiritualidade e simbolismo científico. Mais do que prever o destino, ela convida o ser humano a contemplar suas mãos como espelhos de sua trajetória vital e de sua essência interior, reafirmando o antigo axioma hermético: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”

Dê uma mãozinha para a sua vida!

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Giovanni Seabra – consultas, mapas, cursos, mentorias.
@giovanniseabra.esoterico
Grão-Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
@colegiodosmagosesacerdotisas

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