Nas sombras do tempo repousa um guardião,
trazendo nos lábios o mistério do silêncio.
Não fala, não pede, não exige nada,
mas vela sobre segredos como quem protege o vento.
O mundo corre, agita-se em frenesi,
despeja ruídos como rios sem margens.
Mas ali, no abismo entre um olhar e um suspiro,
existe um refúgio onde a verdade se esconde.
O silêncio não aprisiona — ele liberta.
Ele embala as notas de músicas que nunca foram tocadas,
pinta retratos de amores que não ousaram ser revelados,
conserva o último eco de um adeus que nunca veio.
Ele sabe que palavras são fios frágeis,
tecidas em véus que o vento rasga sem piedade.
Então, ele guarda o que não pode ser dito,
cobre com sua sombra aquilo que o tempo tentou apagar.
Na quietude de uma noite sem vozes,
o silêncio vela pelos que choram sem ruído,
por memórias que não encontram abrigo na fala,
por sentimentos que vivem nas entrelinhas do universo.
E quando tudo se dissipa, e as estrelas sussurram ao vazio,
ele permanece — o guardião das palavras não ditas,
o único que entende que, às vezes,
o mais profundo dos diálogos acontece na ausência do som.
