Vários são os sentimentos entre as pessoas. Cada uma tem algo que atrai ou repele seu semelhante. Aparentemente não há uma explicação lógica para isso. Afinal, porque algumas pessoas se sentem bem ao lado de alguém, enquanto outras não conseguem nem mesmo ficar no mesmo ambiente que estas? E muitas vezes essa antipatia é gratuita, pois elas nem se conhecem…
Sim, por mais que não seja uma atitude desejável, muitas vezes ao conhecermos alguém simples-mente não simpatizamos com este… e por mais que tentemos, não conseguimos disfarçar nosso sentimento. E geralmente isso é recíproco…
Claro que sempre tentamos encontrar uma explicação para tal fato. Mas geralmente não existe nenhuma. As duas pessoas são probas, tem uma maneira semelhante de pensar, às vezes até tem o mesmo gosto em determinadas áreas, mas simplesmente não se suportam. É como se não apreciassem sua imagem no espelho…e muitas vezes, essa é a razão para tal comportamento…
Quando nos miramos em um espelho a nossa alma se revela, ao menos para nós. E nem sempre aquilo que nos é revelado é algo que gostaríamos de saber… na maioria das vezes, em nossa imaginação, somos pessoas perfeitas, sem nenhuma falha… mas quando nos deparamos com nosso reflexo tudo aquilo que abominamos em nós mesmas surge ante nossos olhos… mesmo que tais falhas sejam apenas fruto de nossa imaginação…
Não estou dizendo com isso que não temos nenhum tipo de defeito… que tudo aquilo que odiamos em nós é criação de nossa fantasia… não, de forma alguma. Somos seres falhos e o Juiz mais rigoroso a nos julgar somos nós mesmas… e quando acidentalmente nos defrontamos com um nosso duplo, jogamos sobre este todas as falhas, reais e imaginárias, que fazem parte de nossa essência…
É uma atitude de defesa… se o outro é que possui as falhas que tanto nos incomodam, bem, a culpa não é nossa. Basta que não nos aproximemos deste, não é mesmo? Que bom seria se isso correspondesse à verdade… mas sabemos que não é bem assim… nossas falhas estão ali, nos fustigando de tal forma que sentimos a dor que estas nos infligem…
Existem vários níveis de rejeição nossa aos nossos semelhantes. Tem o primeiro estágio, o mais leve… é onde apontamos pequenos defeitos que encontramos naqueles que estão ao nosso lado. Sempre com a melhor das boas intenções (como já diz o velho adágio, “de boas intenções o inferno está cheio”) procuramos mostrar à pessoas os pontos que elas precisam melhorar. E nem percebemos que estes pontos são as falhas de nossa formação… aquilo que nos incomoda é, na verdade, o nosso reflexo… mas simplesmente não percebemos tal coisa…
Nesse estágio não sentimos desejo de nos afastar da pessoa. Apenas apontamos as falhas que nos incomodam. E, sim, a criticamos quando esta não se encontra em nossa presença. E tal só é possível porque os defeitos em questão são comuns à maioria da comunidade à qual pertencemos. Mas, para a paz de nossa consciência, elegemos um alvo comum para descarregar nossa ira e frustração, que se encontra em um nível baixo…
Que fique bem claro que, se pertencemos a um grupo que critica alguém, e participamos dessa sessão de críticas, quando nos ausentarmos será nossa vez de sermos alvo de tal procedimento. Porque o alvo da vez sempre muda. Aquela que está ausente em determinada reunião será lembra-da para que desabafem seu ressentimento não contra ela, na realidade, mas contra si mesmos… A pessoa mencionada é apenas um avatar, para quem todas as críticas serão direcionadas…
O segundo nível é um pouco mais pesado, digamos assim… já haverá uma certa rejeição explícita, embora ainda não esteja em seu ponto crítico…
Há certas pessoas com as quais não simpatizamos, mas que tratamos bem. Existe algo em sua forma de agir que nos incomoda, mas não conseguimos identificar exatamente o que. Então, se não sabemos o porquê de nossa antipatia, e a pessoa nos parece alguém merecedora de nossa ami-zade, bem… mesmo que não seja um relacionamento perfeito, procuramos tratar a pessoa com um mínimo de simpatia…
E, finalmente… o terceiro estágio… o da antipatia gratuita. Nunca cruzamos nossos cami-nhos, nunca trocamos nem uma palavra, mas simplesmente a presença de uma perturba profundamente a outra. É como um imã, onde polos iguais se repelem. E por mais que tentemos, não há como contornar tal situação. Felizmente não é uma reação comum… corriqueira…é uma situação rara, que pode ou não acontecer em nossas vidas. Mas é um evento catastrófico para nossos relacionamentos. Afinal, porque simplesmente não conseguimos nos entender com determinada pessoa, se nem a conhecemos de verdade? Mas assim é…
Claro que simpatizar com alguém de primeira não é garantia de nos entendermos bem pelo resto de nossas vidas. Muitos são os acontecimentos que se desenrolarão em nossa caminhada e, em algum momento, poderemos perceber padrões de comportamento naquele amigo que nos desagradam. E a luzinha amarela pode se acender num piscar de olhos… mas é algo com o qual podemos conviver. Pois estamos sempre com um pé atrás até conosco mesmo… imagina com os outros…
De qualquer forma, há um ponto que não podemos esquecer… a confiança entre as pessoas é o sentimento que permite que vivamos em paz quando reunidos em um grupo. A falta desta acaba por nos tornar arredias, sempre com medo de que tudo desmorone sobre nós… então nossa luta diária é para que passemos credibilidade para aqueles que estão ao nosso redor, não importa como percebemos cada um em nossa vida… e devemos sempre confiar nos que fazem parte de nosso círculo. Como eu disse, sem confiança, não há como viver em Sociedade…
E lembre-se… quando alguém, não importa por qual motivo, te incomodar por seu modo de agir, procure em si mesmo a causa desse incômodo. Pois como eu disse, na maioria das vezes tal se encontra dentro de ti, não do outro. E quando você descobrir a verdadeira causa deste, poderá viver em paz não só consigo mesma, mas também com o mundo ao seu redor…
