Às vezes eu olho para esse povo obcecado pela tal da juventude eterna e penso: deve ser cansativo demais viver em guerra com o tempo. É creme pra cá, procedimento pra lá, promessa milagrosa de que a idade vai parar nos trinta e nunca mais sair dali. Enquanto isso, eu só quero… paz. Quero envelhecer sem alarde, deixar o tempo me visitar sem precisar brigar com ele na porta de casa.
Eu quero ver a vida acontecendo. Quero colecionar marcas de riso no rosto, cabelos brancos que contam histórias, e aquele jeito de andar mais devagar que, na verdade, é só sabedoria aprendendo a não ter pressa. Cada fase da vida vem com um tempero próprio, um sabor que a gente só sente se tiver coragem de deixar o tempo fazer o trabalho dele.
A verdade é que a juventude eterna me parece uma dieta eterna: cheia de sacrifício e pouco prazer. Eu prefiro um bom prato servido pelo tempo, com todos os temperos da vida, até os mais picantes. No fim das contas, a juventude é um episódio da série, não a série inteira. Eu quero ver todos os capítulos, até os que me fazem chorar, porque são eles que fazem a história valer a pena.
Então, enquanto o mundo gasta uma fortuna tentando congelar o relógio, eu sigo aqui, de chinelo, tomando meu café, torcendo para que a velhice me encontre sorrindo. De preferência com umas boas histórias para contar e nenhuma pressa de ser eterna.
