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O ponto de vista e o ponto do começo e do fim

Um ponto é, ao mesmo tempo, fim e começo. Na escrita, encerra uma frase; no desenho, abre um universo.

Pierre Bourdieu (1997) nos ensinou que todo ponto de vista é também um ponto de origem, ele nasce de um lugar social, de uma história, de uma memória. O ponto, então, não é apenas gráfico, mas existencial.

Talvez a vida consista em aprender a mudar de ponto: do ponto que aprisiona ao ponto que liberta, do ponto que limita ao ponto que cria novas narrativas. Merleau-Ponty (1945), na fenomenologia da percepção, dizia que ver é sempre ver “a partir de” algum lugar. Assim, não existe olhar neutro.

Talvez tudo o que nos reste seja exercitar a delicadeza de mudar o foco: perceber que o ponto pode ser tanto muro quanto horizonte. E escolher que ele seja horizonte.

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