Estou em meu período sabático. Sem pressa. Sem correr pela estrada da vida, apenas caminhando lentamente. Por quê? Simples… há momentos que temos que ser introspectivas… pensar em nós mesmas, sem nenhum outro compromisso além desse. Egoísmo? Não, de forma alguma. Simplesmente há a necessidade de se colocar os pensamentos em dia, analisar prioridades… ver o que realmente está funcionando em sua vida e o que não está. É mais ou menos como quando cuidamos de um jardim… ou de um pomar… aquilo que está frutificando a gente continua a cuidar. O que, apesar de seu esforço, continua a não apresentar resultados, bem… mesmo com dor no coração, a gente tem que deixar de lado…
Amo escrever. E amo publicar o que escrevo. Não ganho nada com isso, nem espero ganhar. Quando alguém lê um texto meu e se identifica com o mesmo, sintome recompensada. Claro que gostaria que meus livros estourassem de vender… quem não gostaria? Mas a gente sabe que não é assim que a banda toca. Quando alguém se propõe a te “ajudar” na divulgação de seu trabalho, costuma cobrar. E não é barato. Tudo bem, como já disse alguém, certa vez… “quem trabalha de graça é relógio, e ainda assim exige corda ou bateria”… mas quando, ao você divulgar seu trabalho para quem poderia te ajudar, e esse alguém te promete dar uma mãozinha e, no final das contas, não o faz… bem, você se sente traída, mesmo que não o tenha sido…
Vivemos de expectativas. Traçamos nossos planos de acordo com aquilo que pensamos ser possível. Infelizmente o que imaginamos e o que vivemos são duas coisas totalmente opostas. Há regras em todo segmento da vida e, se não estamos de acordo com estas, somos colocadas em escanteio. O problema é que nem sempre conseguimos entender as regras corretamente…
Participo de vários grupos de escritores. Óbvio, afinal, me considero uma escritora. Mas se há algo que não entendo, por mais que tente, é porque os grupos do qual faço parte dão loas àqueles que já se foram a muito e que não, precisam de incentivo… para eles, não faz diferença alguma… enquanto isso, aqueles que estão deste lado da vida parecem nadar contra a maré… não há apoio de nenhum segmento…
Viver de sua arte é quase impossível. Não importa qual seja seu segmento. Se for no campo literário essa possibilidade é quase zero. Por mais que você faça sua divulgação, se não tiver os contatos certos, com certeza será uma completa desconhecida. E aí fica a pergunta… quais seriam os “contatos certos”?…
Não é culpa de ninguém se você se sente fracassada. Afinal, cada um tem seus problemas particulares para resolver, e não há como arrumar tempo para apoiar o outro. No máximo, palavras de incentivo.. que acabam soando vazias, já que o apoio real que a pessoa necessita simplesmente não se concretiza. Não porque as pessoas em seu entorno não queiram auxiliá-la… é que não é assim tão simples transformar simples palavras em ação…
Sei que parece que estou desabafando… bem, na verdade, estou. Infelizmente sei que a culpa por meu fracasso como divulgadora de meu trabalho é apenas meu… não consegui convencer ninguém, nem mesmo aqueles que me acompanham diariamente pelas redes sociais, a adquirir um único exemplar dos livros que já escrevi… sério, dos três livros já publicados, o primeiro vendi um exemplar (para uma amiga) o segundo, um exemplar (para outra amiga) e o terceiro… nada. Se levarmos essa posição no pé da letra, um fracasso total. Mas, como disse, a culpa é apenas minha…
Algumas amigas, à guisa de consolo, costumam dizer que estou plantando e logo irei colher o fruto de meu trabalho… aparentemente, minha plantação foi atingida por uma forte geada… ou então, uma insolação fez com que as sementes não germinassem e meu campo cultivado acabou arrasado, com terra seca…
Sei que esse não é um problema exclusivo meu. Há muitos escritores que não conseguem projetar sua arte, mesmo que algumas almas louvem seu trabalho. Mas a sensação de derrota muitas vezes nos apanha desprevenidas. Sim, tenho publicado em alguns veículos de comunicação. Sempre como voluntária, sem nenhuma recompensa além de ter meu nome estampado na referida publicação. E ainda devo agradecer, porque a maiorias desses veículo cobram do escritor para publicarem suas matérias. E consigo publicar gratuitamente… ou seja, doo meu trabalho, sem nenhuma recompensa além do fato de ser lida por algumas pessoas…
O fato de dizerem para nós que somos importantes, que pertencemos a esse ou àquele grupo não nos dá, realmente, a sensação de pertencimento. Porque sentimos que tal é dito apenas para afagar nosso ego. Mesmo quando várias pessoas repetem esse mantra para nós, sentimos que tal não corresponde à verdade da pessoa em questão. É algo momentâneo que ela diz, mas que dali a alguns minutos, quando estiver longe de nossa presença, simplesmente esquecerá das palavras proferidas….
Sim, estou em um momento de reflexão… estou introspectiva… avaliando se realmente tudo aquilo que faço tem algum sentido. O pior? Sendo franca e sincera, a resposta é “não”… “você não faz diferença alguma com suas palavras”… claro que, após chegar a essa conclusão o mais lógico seria mandar tudo para o espaço e esquecer as letras, esquecer o mundo mágico que vislumbro quando começo a escrever… mas, como disse, esse é só um desabafo…
Estou em meu período sabático. Isso não significa, de forma alguma, que vou me ausentar. Na verdade, embora eu esteja pesando tudo aquilo que fiz até o momento, o que realmente desejo é continuar minha luta para ser reconhecida. Se vou conseguir? Não sei. Mas, por favor, não me venham com aquela história que “escritores costumam ser reconhecidos após seu passamento”. Tal reconhecimento não serve para nada para aqueles que partiram. Portanto, se sirvo de referência para alguém nessa vida, prefiro que esse alguém me diga enquanto estou viva que sou, sim, importante. Depois que eu passar para o outro lado, de nada servirá reconhecerem ou não meu talento…
