A ONU (Organização das Nações Unidas) para a Alimentação e a Agricultura anunciou, nesta segunda-feira (28), que o Brasil saiu oficialmente do Mapa da Fome. Quando li essa notícia, confesso que meu coração apertou, mas, dessa vez, de alívio. Porque sair do Mapa da Fome não é apenas uma vitória estatística. É uma vitória humana, concreta, cotidiana.
Mas o que isso significa, de verdade? Significa que, no Brasil, menos de 2,5% da população vive em situação de vulnerabilidade alimentar. Significa que há menos mães deitadas à noite tentando enganar o estômago vazio dos filhos com um copo d’água e promessas de que “amanhã vai ter comida”. Significa que a comida deixou de ser um milagre improvável na vida de milhões de brasileiros e voltou a ocupar o lugar que sempre deveria ter tido: um direito básico, garantido, acessível.
Significa também que muitas crianças não dependem mais exclusivamente da merenda escolar como sua única refeição do dia. Que agora elas podem estudar com mais energia, brincar com mais disposição e crescer com mais dignidade. Porque a fome não rouba apenas o estômago. Ela rouba o futuro.
Claro, ainda há muito a ser feito. A desigualdade continua escancarada, e o custo de vida ainda pesa no bolso das famílias. Mas sair do Mapa da Fome é como respirar depois de muito tempo debaixo d’água. É um sinal de que políticas públicas voltadas à alimentação e à proteção social funcionam; e que, quando o Estado escolhe cuidar, vidas são salvas.
Hoje, celebro essa conquista com os pés no chão e os olhos no horizonte. Porque a fome não pode ser parte do cotidiano de um país que se orgulha de ser o celeiro do mundo. Que essa saída do Mapa da Fome não seja um ponto de chegada, mas o início de um novo caminho: o da segurança alimentar como um direito e não como um privilégio.
