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O Som da Pedra Filosofal, o Canto Gregoriano e a Alquimia da Mente

A verdadeira alquimia acontece de forma mundana. Pode ser enquanto lavamos louça, olhamos o céu ou ouvimos alguém com o coração aberto. É quando transformamos o ordinário em extraordinário. E o alquimista e o mago aprendem a ver a vida como laboratório, as emoções como elementos e o cotidiano como campo sagrado de transmutação. A Obra continua mesmo quando não estamos no altar e talvez, justamente aí, ela seja mais poderosa. O canto gregoriano, nascido no seio da tradição cristã medieval, não é apenas um patrimônio musical; é uma tecnologia espiritual de alta precisão. Sua importância na prática religiosa transcende o ato litúrgico, funcionando como uma ponte sonora entre o humano e o divino. Não é apenas música; é uma ferramenta física, emocional e mística vibracional.

Trabalhando com modos específicos, tal como o modo dórico e o modo frígio, os cantores criavam atmosferas que levavam a quietude, introspecção e reverência, preparando o terreno interno para o contato com o sagrado. Muito antes da ciência reconhecer a influência das ondas sonoras sobre o cérebro, monges já manipulavam frequências com precisão cirúrgica. A indução a um Estado Alterado de Consciência, através dos sons, permite a criação de “pontes alquímicas”. É aí que o processo de solve et coagula, dissolver (soltar) para recriar, é mais do que uma metáfora.

É a descrição precisa da transformação da mente. O canto gregoriano atua como o “solve”, desestruturando padrões mentais densos, facilitando uma dissolução dos apegos emocionais e conceituais. É nessa “terra dissolvida e desapegada” que a alma pode ser descoberta e, quiçá, reconfigurada em níveis mais sutis. A prática coletiva do canto gregoriano é como uma arquitetura social. Imagine centenas de vozes em uníssono, sem instrumentos, sem vaidade, sem ego. Cada monge sendo uma célula de um organismo maior.

É alquimia social acontecendo, transformando indivíduos isolados em um só corpo sonoro. Este efeito de coesão emocional e espiritual não só fortalecia a ordem monástica, mas também modelava a percepção de comunidade no ocidente medieval. Consolidou comunidades, reforçou laços espirituais e moldou parte da psique coletiva ocidental. Podemos dizer, sem receio, que o canto gregoriano é uma ferramenta de meditação, cura e expansão de todas as funções cerebrais.

Em uma era saturada de ruídos, ele oferece silêncio ativo. Seu uso, atualmente, vai desde práticas meditativas em retiros espirituais até terapias sonoras para reduzir ansiedade e promover estados de relaxamento profundo. Aplicado corretamente, acessa camadas de consciência que o ritmo frenético da vida contemporânea mantém enterradas. Pois, o som pode ser transmutação. Assim como o alquimista busca o ouro escondido na matéria bruta, quem mergulha nestas melodias encontra dentro de si um tesouro esquecido em estado de presença pura, livre da ferrugem mental do cotidiano.

Se no contexto meditativo, induzindo os tais estados alterados de consciência, ele favorece a introspecção profunda, o relaxamento mental e a expansão espiritual, sob uma ótica alquímica atua como um agente de transmutação interna. Qualidades fundamentais tanto na prática mística quanto na busca alquímica. Tal como os alquimistas antigos procuravam purificar a matéria bruta até alcançar o ouro filosófico, seu uso consciente visa purificar a mente ruidosa, alinhando os fluxos internos do ser. Esta música modal, livre de métricas rígidas, atua como solvente das inquietações psíquicas e sociais, criando espaço para o surgimento de uma consciência mais refinada. Suas implicações místicas são imensas, contribuindo na reorganização de estados vibracionais do corpo e da mente, favorecendo o surgimento de insights que, em tradições esotéricas, são passos na Grande Obra.

Mais do que uma bela relíquia do passado é ferramenta de meditação, cura e transformação pessoal em harmonia com as grandes tradições alquímicas e espirituais. Caso queira, inicie por peças curtas, como “Veni Creator Spiritus” (https://youtu.be/5GrQJGQWfd8); “Ave Maris Stella” (https://youtu.be/8TGW9k4zxhY); ou “Miserere” ( https://youtu.be/DLEcZaK-opU). Procure gravações sem instrumentos, apenas vozes humanas. Os cantos sugeridos são curtos, entre 3 e 8 minutos. Com o passar do tempo, você perceberá que o uso do canto gregoriano é uma excelente ferramenta para trabalhar, ler, estudar ou simplesmente comtemplar a vida. Prepare-se: o som que parecia apenas santo é, na verdade, uma máquina sofisticada de evolução interior.

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Marco Mammoli é Mestre Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas.

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O Colégio dos Magos e Sacerdotisas está aberto aos novos membros, neófitos e iniciados, para o aprendizado e aprimoramento das Ciências Ocultas. Os interessados podem entrar em contato direto através da Bio, Direct e o WhatsApp: 81 997302139.

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