A decisão de Alexandre de Moraes em suspender medidas do governo e do Congresso sobre o IOF escancara uma crise institucional que beira o inédito.
O Judiciário não apenas arbitra conflitos: ele participa, tensiona, e, como diria Michel Foucault, também produz verdade.
É difícil não ver nisso tudo uma hipertrofia do poder judicial. Vivemos, talvez, o que Boaventura de Sousa Santos chamaria de “juridificação da política”.
A cada nova decisão do STF, o campo político se torna mais hermético, menos acessível ao debate público.
Como cidadã, vejo um tribunal que se move como um xadrez: estratégico, mas sem emoção. E quando a política se afasta da paixão popular, o povo observa de longe, sem saber mais em quem acreditar.
O IOF, o juro, o imposto, são linguagens de uma guerra de poder que não chega ao prato do trabalhador.
