Minha filha fez dois anos. Dois. Parece pouco, mas para uma mãe é uma eternidade condensada em dias curtos e noites longas. Minha bebezinha, aquela que até outro dia ria o dia inteiro, mandava beijinhos e acenos para desconhecidos, agora chegou à fase que alguns chamam de “terrible two”.
Os “terríveis dois anos” têm esse nome por um motivo: é uma fase do desenvolvimento infantil em que a criança começa a testar o mundo, os limites, e principalmente, a própria vontade. As birras aparecem, a teimosia dá as caras, a rebeldia surge com força. Dizem que é a adolescência da infância e acho que é uma boa definição.
Na verdade, tudo isso acontece porque a parte do cérebro responsável pelas emoções começa a amadurecer. A criança sente mais intensamente, mas ainda não sabe lidar com tanta emoção. Então ela grita, chora, se joga no chão, protesta contra o “não” como se o mundo estivesse acabando.
E a mãe aqui? A mãe morre de vergonha, claro. Principalmente quando a cena acontece em um lugar cheio de gente. Mas respiro fundo, conto até dez e penso: vai passar. Porque tudo passa. A birra, o choro, o escândalo e também essa fase linda, confusa e desafiadora, em que minha pequena está aprendendo a sentir e eu estou reaprendendo a ter paciência.
No fim das contas, cada birra é uma tentativa de se afirmar, de entender o mundo, de crescer. E entre um grito e outro, ela ainda me dá aqueles abraços apertados e beijos babados que me fazem esquecer tudo. Então suspiro, sorrio e penso de novo: vai passar mas que demore um pouquinho, porque, apesar de tudo, é bonito vê-la se tornando quem é.
