Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual é a nossa missão na Terra? São essas as perguntas que a humanidade faz a si mesma há milênios, sem, no entanto, conseguir levantar o véu que encobre esse grande mistério. Nessa incerteza, só nos resta refletir, cogitar e propor algumas respostas à luz de pesquisas científicas, que, quando insuficientes, necessitam ser acrescentadas de uma pitada de crenças pessoais. Isso nos encoraja a propor a tese de que seres superiores, poderosos conhecedores da natureza do Universo, comandam nossas ações e impõem suas diretrizes a todos os habitantes deste planeta. A ordem -, acreditamos – é evoluir a qualquer preço.
O ser humano é, com raras exceções, um ente embrionário e ignorante, humilde desconhecedor das complexidades e maravilhas do Universo; ingênuo no sentido mais amplo do conhecimento. Assim sendo, caracteriza-se como um elemento manipulável, para o Bem ou para o Mal, a depender de sua índole. Entretanto, tudo o que lhe acontece contribui para o seu próprio aperfeiçoamento. Os reveses sofridos, as contrariedades sentidas e as vitórias e gozos vivenciados não representam nada mais do que testes, provações, exercícios mentais importantes na direção de sua própria evolução.
E Deus, (um fruto da criação do imaginário popular?) é comumente acionado para preencher essa lacuna. Apesar de venerado. temido e citado a todo instante com fervor, é um mistério que ainda tentamos desvendar. O senso comum nos induz a respeitá-lo por estar gravado em nosso subconsciente que “Ele sabe mais que todos nós juntos”, por ser “onipotente, onisciente e onipresente”; “Pai de bondade”; “Senhor da Justiça”; “Infalível”; “Invencível”; “Inquestionável”, “Inefável”!
Eventualmente, as pessoas ousam “brincar de Deus” testando, experimentando, inovando, na tentativa de superar os limites até então aceitos. Quanto mais estudamos, pesquisamos, perquirimos, mais entendemos que cada época é singular, e que “Deus” se manifesta de maneiras diferentes, sempre “adequando-se” à nossa capacidade mental de absorção e entendimento de suas lições em cada período considerado. Talvez por isso, no início da civilização Deus era configurado como um ser enérgico, autoritário, às vezes até impiedoso.
Algumas tribos ou comunidades tiveram, ou ainda têm, o costume de realizar sacrifícios de vidas humanas em honra ao Criador, pedindo saúde, vitórias nas guerras ou agradecendo pelas boas colheitas, sendo o sacrifício de animais o mais comumente adotado. Agora, no Século XXI, e após o relativo avanço da civilização, sacrificam-se não mais pessoas ou animais, mas praticam-se louvores ou expressam-se pedidos através da privação dos prazeres por meio de abstinências, preces, novenas, procissões, renúncias, enfim. Ainda existem crentes, os fiéis mais sectários e membros de determinadas seitas religiosas, que se auto flagelam ou se mutilam em “honra do seu Santo Nome” para a “expiação dos pecados”. E a cada dia, a humanidade entrega seus atos “nas mãos de Deus”, iniciando o dia rogando inspiração, amparo, proteção e sucesso em suas empreitadas, findando o dia em preces de agradecimento pela boa sorte, ou ainda, lamentando e resignando-se quando os resultados não são considerados favoráveis. Tudo depende do grau de submissão ou rebeldia do fiel.
Segundo a crença, a “inspiração divina” dá a cada um de nós o rumo, apontando os caminhos do bem-estar físico e mental, da convivência pacífica, da alegria de viver. Mas uma parcela significativa dos indivíduos faz-se de surda diante dessas orientações. Muitíssimos de nós ignoramos essa sinalização e nos prendemos às imposições do ego, aos desejos de conforto, à satisfação de nossa ganância, mesmo que isso represente a infelicidade, a miséria, a fome, a penúria de alguns ou mesmo de milhares de semelhantes, parceiros de caminhada neste planeta espinhoso e pleno de maldade e adversidade. Egoísmo e ganância de um lado provocam fome e miséria de outro.
Imaginamos o Universo de forma segmentada por níveis de poder, existindo um comandante para cada galáxia, ao qual estariam subordinados vários deuses menores (ou semideuses), que seriam os gestores de cada planeta. Os comandantes das galáxias (deuses das galáxias), por sua vez, estariam submetidos a um Poder Central (Conselho Intergaláctico). Só bem acima desses intermediários, bem distante, estaria a Força Cósmica criadora de tudo que existe, o “Deus todo-poderoso, Senhor do Céu e da Terra”, o qual hoje, erroneamente, se acredita, estar em contato direto com a humanidade.
E Deus, ou os semideuses e deuses, lá do alto, a tudo observam, acompanham, monitoram, planejando ajustes em todos os campos, eventualmente retirando de cena certos líderes “do mal” e colocando em cena outros, “do bem”. E até mesmo genocidas, déspotas, autoritários e cruéis são empoderados, presumivelmente com objetivos previamente estudados, para provocar, pelo sofrimento, choques de consciência e de gestão. Semelhante ao que nos aconteceu no Brasil, durante a pandemia.
“Crescei e multiplicai-vos!” e “povoai toda a Terra!”, assim o “Deus (Governador) do nosso planeta” teria orientado os primeiros seres humanos, Adão e Eva, criados puros e destinados ao gozo e à felicidade, usufruindo de todas as delícias do Jardim do Éden, também denominado Paraíso Terrestre, o qual, segundo alguns estudiosos, estava, na época de sua criação, localizado na região do atual Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates.
Mas, “no meio do caminho havia uma pedra”, ou melhor, havia uma serpente, que, segundo o Velho Testamento, teria tentado Eva, e esta (sempre a mulher!), induzido Adão a “pecar”. E, como consequência, despertado a ira de Deus. O castigo imposto levou o Criador a cancelar todas as “mordomias” do casal, determinando-lhes a sentença de que “doravante, ganharás o pão com o suor do teu rosto”.
Provavelmente, por dedicar-se em demasia aos prazeres terrenais, a humanidade multiplicou-se em quantidade de pessoas, muito mais do que estas “cresceram” em virtudes e sabedoria, abrindo caminho para todos os vícios e originando inúmeras filosofias, geralmente contendo o sufixo “ismo”, tais como: egoísmo, racismo, consumismo, capitalismo… Este, aliás, é o pai de todos os males da humanidade, pois prega a opulência, a ostentação, a acumulação, a ganância e o egoísmo, cujo ponto em comum é a insensibilidade às carências e ao sofrimento do próximo.
Acompanhando a desgraça da humanidade motivada pela expulsão do paraíso, sobrevieram o desrespeito, a violência, o ódio, os homicídios, as guerras, a escravização do homem pelo homem, os maus tratos aos animais, ataques à natureza, enfermidades, epidemias e pandemias como a gripe espanhola, ocorrida há um século, e que ceifou milhões de vidas mundo afora. A tragédia do momento atual é a Covid 19, o Novo Corona Vírus, que já levou a óbito mais de um milhão de pessoas e está sujeita a prolongar-se por mais alguns anos, até que se descubra uma vacina que possa evitá-la ou um medicamento que possa curá-la.
Especula-se que esta pandemia teria se originado na China, motivada pelo hábito dos asiáticos de consumir espécies exóticas como o morcego, considerado uma iguaria na alimentação daquele povo, uma prática agora definitivamente proibida. Outra tese afirma que o vírus teria sido criado em laboratório por chineses ou estadunidenses, com o propósito de produzir uma arma biológica de defesa no caso de conflitos entre nações.
O fato concreto é que essa pandemia abalou as estruturas econômicas e sociais da sociedade contemporânea. Hábitos alimentares, de higiene e de convivência estão sendo revistos em larga escala. Sistemas de produção, educação, transporte e locomoção estão sendo alterados em todo o planeta. Até mesmo os encontros sociais, esportivos e religiosos foram suspensos. O turismo sofreu um impacto estrondoso, e os lucros das empresas – principalmente de transportes e de turismo – sofreram uma queda drástica devido ao confinamento imposto à população como a forma mais segura de evitar o contágio. Em consequência, as economias de praticamente todos os países foram abaladas e o Capitalismo está em xeque. Seria o momento propício para se refletir: foi “Deus” que mandou esse vírus para cá?
Acreditamos que sim, pelas seguintes razões: após a invenção da roda, a descoberta da pólvora, da eletricidade, da Revolução Industrial e da Informática com a consequente chegada do homem à lua, a humanidade voltou-se exageradamente ao dinheiro, ao acúmulo de capitais, ao poder econômico, à dominação dos povos mais atrasados, criando, de certa forma, um novo tipo de escravidão: a do trabalho sistemático e penoso – braçal ou intelectual – com maximização dos lucros e dominação quase escravocrata pelo capital sobre a mão de obra. Era hora de parar o mundo e repensar os valores sociais, especialmente o consumismo exagerado e a produção não sustentável.
Com o novo Corona Vírus e a ausência total de qualquer perspectiva de cura até o momento, os seres humanos ficaram nivelados, ou seja, o bilionário ficou em iguais condições com o miserável, pois de nada adianta o dinheiro se o vírus é desconhecido e nem o maior cientista sabe eliminá-lo. Bem coisa de Deus, com a intenção única e exclusiva de provocar um choque de consciência na humanidade e também um choque de gestão dos recursos naturais disponíveis e das relações sociais tão prejudiciais à maioria da população planetária.
Assim, talvez possamos esperar um Novo Mundo e uma Nova Humanidade!
