Sob uma chuva de carícias celestes,
aprendi a orar ao tempo, pedindo que nunca te afastasse de mim.
E encontrei dentro da alma um eco inquieto,
um fogo que você acendia com sua presença,
pedindo apenas um instante de repouso,
como quem deseja dormir sob estrelas serenas.
Minhas palavras buscaram rima
na cor tranquila dos seus olhos,
mas a poesia, impaciente, tomou a dianteira,
como se fosse ponte entre meu silêncio e sua luz.
Você já sabe: eu me inflamo facilmente,
não pela idade, mas pela intensidade do sentir.
Há um poeta que habita meu interior,
e ele alcança meus olhos,
fazendo meu coração pulsar em versos,
como tambor que insiste em cantar.
Seu olhar, tão perspicaz quanto o toque dos seus dedos,
transformou-se em cristal frio,
mas das suas bochechas até sua boca
descobri um caminho secreto,
onde a água do desejo saciou minha sede de eternidade.
Minha respiração voltou ao compasso da vida,
e ordenei a mim mesma que nunca te esquecesse,
que te acompanhasse além das ondas,
até que, cúmplices, pudéssemos novamente
tecer juntos a melodia do amor.