Em Águas Claras, região de classe média alta que pulsa entre prédios altos e ruas bem desenhadas, nasceu, ainda que sob ventos turbulentos, a Estação da Dança Vip, um espaço que transformou um sonho em movimento, e o movimento em história.
Era março de 2020. As salas estavam preparadas, espelhos brilhando, sapatilhas alinhadas, ritmos planejados, professores ansiosos. A inauguração, marcada para o dia 30, simbolizava o início de um projeto cuidadosamente tecido. Mas veio o inesperado. Foi quando o mundo parou. E as portas que seriam abertas para celebrar a arte precisaram permanecer fechadas diante da pandemia que redesenhou rotinas e adiou esperanças.
Contudo, onde a dança enfim nasceria, algo permaneceu intocado. Era a vontade de seguir. Tudo porque a dança — que se convencionou chamar de teimosa tradução do espírito humano — nunca parou dentro de quem sonhava com a Estação.
E assim, mesmo contra o compasso incerto do mundo, cada passo foi dado. Entre altos e baixos, entre medos e recomeços, a escola resistiu. Como tantas empresas que surgiram em meio à tempestade, ela aprendeu a respirar fundo, a ajustar ritmos, a manter viva a chama de um propósito. Até porque, sonhos verdadeiros não se rendem.
Aos poucos, as turmas foram surgindo. Horários antes vazios ganharam vozes, músicas, gargalhadas e suor. A rotatividade natural dos primeiros meses se transformou em permanência, e a permanência em afeto. Formou-se ali algo maior que uma escola: formou-se uma comunidade, uma família artística guiada pela sensibilidade e pelo acolhimento.
O tempo tratou de comprovar aquilo que os apaixonados pela arte já sabiam – dançar é mais do que mover o corpo; é terapia silenciosa. É saúde, alegria, disciplina e superação, com a chance de trabalhar corpo, mente e alma em um só gesto.
Hoje, a Estação da Dança Vip reúne 22 professores dedicados, qualificados e absolutamente apaixonados pelo que fazem. Profissionais que vivem a dança do nascer do Sol à noite de Lua Cheia que se faz Minguante, Crescente e Nova. E que entregam energia, técnica e carinho em cada aula.
A escola oferece uma variedade ampla de ritmos:
Ballet Infantil e Baby; Ballet Juvenil e Adulto; Ballet + Ponta; K-pop; Jazz; Jazz Adulto; Jazz Funk; Dança Contemporânea; Dança do Ventre; Street Dance; Hip Hop; Ginástica Rítmica; FitDance; Stiletto; Flashback; Forró Pé de Serra; Sertanejo; Dança de Salão e Samba.
Hoje, são 215 alunos distribuídos por essa multiplicidade de estilos. A ideia que se tem é a de um retrato vivo do crescimento e da força de uma escola que floresceu mesmo quando tudo, ao redor, parecia estéril.
Duas vezes por ano, alunos e professores promovem grandes espetáculos, subindo ao palco para comemorações inesquecíveis. Temas pensados com cuidado ganham vida nas mãos dos professores, no empenho dos alunos, no apoio zeloso dos pais e na vibração calorosa do público. São noites – como a que presenciei esta semana – em que a arte abraça a todos e prova que a dança é ponte, é união, é celebração.
Ao olhar para trás, vi na Estação não apenas desafios superados, mas a certeza de que cada obstáculo lapidou a identidade do grupo, sempre renovado, sempre crescendo. Ao olhar para o presente, encontro salas cheias de luz, de vida e de movimento. E, ao mirar o futuro, parece que enxergo apenas o começo de uma trajetória que promete muito mais.
Porque a Estação da Dança Vip não é apenas uma escola. É, como me confidenciou uma aluna querida, um lar. Ou um ponto de encontro de uma família em movimento. Ali – me foi dito por alunos e professores – dança-se todos os dias com a mesma convicção. Mesmo porque, este é o entendimento geral, dançar é viver.
