Notibras

Onde vai parar a arte de cozinhar?

Semana passada comprei uma máquina de cozinhar ovos. Confesso que foi por impulso — vi o anúncio dizendo que ela cozinha sete de uma vez e, como sou fã de ovos em todas as versões possíveis, não resisti. E, olha, é uma verdadeira mão na roda. Basta colocar a água, os ovos, apertar o botão e pronto. Enquanto isso, dá tempo de tomar um café, arrumar a mesa, pensar na vida… e, quando o apitinho toca, lá estão eles, cozidos perfeitamente, iguais, sem erro.

Mas depois fiquei pensando. É curioso como a cozinha, esse lugar que sempre foi símbolo de manualidade e presença, está virando quase um laboratório de pequenas máquinas. A gente já tem forno elétrico, airfryer, panela elétrica, máquina de pão, de arroz, de café, de suco, de torrada, e agora até de ovos. É prático, claro. Facilita, economiza tempo, e nos salva em dias de preguiça ou correria.

Só que, ao mesmo tempo, me pergunto: onde vamos parar com isso? Será que um dia vamos ter uma máquina pra temperar a comida e ainda outra pra elogiar o resultado? Talvez estejamos virando uma geração de operadores de botões, cercados por apitos e luzinhas, enquanto o ato de cozinhar, esse ritual tão humano, vai ficando cada vez mais distante.

De todo modo, hoje cedo fiz meus sete ovos perfeitos na maquininha nova. E, enquanto comia, sorri sozinha pensando: talvez o segredo seja esse. Usar a tecnologia a nosso favor, mas sem deixar de lado o prazer de estar na cozinha, mesmo que seja só pra olhar os ovos cozinhando e imaginar o próximo aparelho que ainda vão inventar.

Sair da versão mobile