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Os cães que passam por nossa vida vão para o Céu

Talvez todo mundo que ama animais e já teve alguns ao longo da vida conheça esse sentimento: uma saudade doce e persistente dos bichos que já passaram por nós. Eles foram parte da casa, da rotina, da história, e, quando se vão, deixam um silêncio estranho nos cantos onde costumavam estar.

Costumo dizer que o único defeito dos cães é esse: vivem menos que a gente. Mas vivem intensamente, com amor demais, alegria demais, presença demais. Como é que cabe tanta entrega em uma vida tão curta?

Eu me emociono sempre que penso na minha cadelinha Blue. Já se passaram nove anos desde que partiu, e até hoje ela me faz falta. Fecho os olhos e consigo lembrar do seu cheirinho único, do som das patinhas pela casa, da forma como ela sabia exatamente quando eu precisava de colo.

Lembro também do Jaspion, meu companheiro da infância. Um vira lata valente, divertido, que parecia entender minhas palavras e meus silêncios. E o Otto, um boxer carinhoso que chegou já idoso, com aquele jeitão de quem já viu muita coisa e só queria viver os dias finais com afeto. Tivemos pouco tempo juntos, mas foi um tempo cheio de ternura.

Teve também a Lilo, guardiã fiel do meu marido Eduardo, que parecia entender que sua missão era protegê-lo. E a Cacau, uma buldogue obediente e afetuosa, dessas que fazem a gente rir só de olhar. E tantos outros cães e de todos eu sinto falta.

Cada um deles deixou uma marca, um tipo de amor, uma lembrança. E por mais que novos pets venham e que sejam igualmente amados, aqueles que se foram nunca saem de verdade de dentro da gente.

Eu tenho uma esperança serena de que, se existir mesmo um Céu, meus cães estarão lá. Correndo livres, felizes, me esperando de orelha em pé e rabo abanando. Porque não faz sentido imaginar um paraíso sem eles. Afinal, eles foram, pra mim, a mais pura forma de amor que existe: simples, fiel, generoso. E sem nenhuma condição.

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