Usei a sala vip do aeroporto pela primeira vez essa semana, mesmo podendo entrar sempre que quisesse. Foi quase um ritual de passagem: saí da plebe dos portões lotados para experimentar o Olimpo dos que têm um cartão que dá direito a vinho e sanduíches de queijo.
Confesso: minhas impressões não foram exatamente positivas. Em primeiro lugar, achei cafona. Cafona existir um espaço separado só porque algumas pessoas têm um cartão diferente. É tipo um camarote de micareta, só que sem a parte divertida da micareta.
Ali dentro, parecia um campeonato de frescura. Um sujeito reclamava que a banana estava verde demais, outro que a cerveja não era a “certa”. Eu só esperava alguém pedir para falar com o gerente porque o ar-condicionado estava soprando na direção errada. Seria cômico.
No fim, a maior cafonice foi minha: me senti ridícula por estar ali, como se tivesse participado de uma peça teatral chamada “A Superioridade dos Cartões Black”. Claro, reconheço que para quem viaja com bebê, idoso, alguém com mobilidade reduzida ou uma dor crônica, esse espaço faz diferença. Mas aí vem a pergunta: por que o conforto tem que ser privilégio?
No fundo, a sala vip é só um aeroporto normal… Mas imagina que revolução seria se todos os aeroportos oferecessem esse mínimo de dignidade a todo mundo?
