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Os muitos significados da fogueira de São João

São João Batista, figura central do cristianismo, é o único santo, além de Jesus e Maria, cujo nascimento é comemorado liturgicamente — no dia 24 de junho. A Bíblia registra que São João nasceu de Zacarias e Isabel, idosos e sem filhos. A mensagem divina anunciava que o casal teria um filho, de nome João, que prepararia o caminho para o Messias. O Evangelho de Lucas narra o anúncio do nascimento de João por um anjo a Zacarias destacando a missão profética do Santo: “Ele será grande diante do Senhor… e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus” (Lc 1,15-16). João é aquele que batiza Jesus no Jordão, reconhecendo-o como o Cordeiro de Deus (Jo 1,29). Assim, seu nascimento é visto como um milagre, simbolizando esperança e renovação espiritual.

A data de 24 de junho é celebrada com festas populares, fogueiras, danças e tradições que remontam às antigas celebrações pagãs de renovação e fertilidade. A fogueira tem o poder de acender a chama do amor. Numerologicamente, 24 é reduzido a 6, número governado por Vênus, a Deusa do Amor. A tradição recomenda o acender da fogueira na véspera, dia 23, às 18 horas. Por precaução, os bilhetinhos apaixonados podem ser enterrados ao pé da fogueira, já no dia 23.

São João e a fogueira, simbolizam purificação e proteção, representando a luz que vence as trevas e a esperança de um novo ciclo. O fogo, elemento central das celebrações, evoca o antigo culto solar e as purificações pagãs do solstício, sendo cristianizado como emblema da luz divina anunciada por João. A fogueira, em particular, remonta à tradição de Isabel, mãe de João, que teria acendido a pira para anunciar a Maria o nascimento do menino João.

As fogueiras também simbolizam a união e a alegria das comunidades, além de atrair boas energias e prosperidade. O milho, principal iguaria nos festejos de São João, simboliza prosperidade e riqueza. Fogos e folguedos coroam os festejos marcados pelas músicas juninas e comidas típicas, regados a muita bebida. É o profano de braços dados com o religioso.

Aliás, o profano ganha força na medida em que as bandas e grupos musicais são contratados a peso de ouro para animar os festejos dos santos Antônio, João e Pedro. E outros santos de ocasião – prefeitos, secretários, vereadores e políticos em geral – que não medem gastos para animar o povo sem pão, mas que quer circo. O ciclo junino chega a ultrapassar 30 dias nas festas do interior. E até mais…

A festa de São João, profundamente enraizada na tradição cristã, coincide com o solstício de verão no hemisfério norte — momento em que o Sol atinge o ápice de sua trajetória celeste, propiciando o dia mais longo do ano. O solstício é um evento astronômico com grande significado religioso, esotérico e pagão. É um momento de reflexão, renovação e celebração da vida e da natureza. O fenômeno é carregado de simbolismo, pois marca o poder da luz e, paradoxalmente, o início de sua diminuição nos meses seguintes. Na narrativa bíblica de João: “É necessário que ele cresça e que diminua” (Jo 3,30), frase que ressoa com o ciclo solar: após o solstício, os dias se tornam gradativamente mais curtos, preparando a vinda de Cristo, o Sol espiritual, celebrado no Natal, próximo ao solstício de inverno.

As festas juninas, especialmente no Brasil, preservam e reinterpretam esse simbolismo ancestral. O folclore brasileiro, ao absorver essas influências, enriqueceu a festa com elementos regionais e míticos. Quadrilhas, danças, trajes típicos e comidas de milho celebram a fartura da colheita, enquanto lendas como a do Bumba Meu Boi e do casamento na roça misturam devoção e diversão. No Nordeste brasileiro a importância do São João é tamanha que chega a rivalizar com o Natal. A noite de São João, considerada mágica, é também ligada a práticas divinatórias, simpatias amorosas e encantamentos — sobrevivências de antigas tradições europeias pré-cristãs que veneravam os ciclos da natureza.

Portanto, São João é um ponto de convergência entre Bíblia, liturgia, natureza e cultura popular. Sua festa é tanto um tributo ao profeta que preparou os caminhos do Senhor quanto uma celebração solar, agrícola e simbólica. No fogo que arde nas fogueiras e no coração do povo, pulsa a memória viva de um tempo sagrado, em que o humano e o divino celebram juntos sob as estrelas iluminadas pelos fogos e balões.

Na Bíblia, passagens como o batismo de Jesus por João (Mateus 3:13-17) reforçam a importância do profeta na história cristã. Sua vida e seus milagres continuam a inspirar fé, esperança e celebrações que unem as pessoas em torno de tradições espirituais e culturais.

Viva São João!

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Hussein Sabra el-Awar é Membro Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas –
@colegiodosmagosesacerdotisas

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