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Pacotão vai minguando e perde mais de dois mil foliões entre uma apresentação e outra

Kelly Oliveira

Sob sol forte e calor de 27 graus, cerca de 5 mil foliões, de acordo com estimativa da Polícia Militar, seguiram nesta terça (9) o trajeto do Pacotão, tradicional bloco carnavalesco de Brasília. Durante a concentração, que durou quatro horas e meia, na Entrequadra 302/303 Norte, os foliões procuraram as árvores e marquises das lojas próximas para se esconder do sol.

Sempre na contramão, o Pacotão sai no domingo e na terça-feira de carnaval. Domingo (7), cerca de 7 mil foliões acompanharam o bloco da Asa Norte até o local da folia, na 504 Sul.

Os foliões seguiram dois trios elétricos no trajeto, de cerca de 3,5 quilômetros, da concentração até o local da folia, que vai até as 22h. O professor de história Aluísio Queiroz, de 74 anos, não se desanimou com o calor.

Fantasiado de palhaço, ele conta que há 30 anos participa de blocos de carnaval em Brasília. “Sempre brinco o carnaval. Este é o único país do mundo em que o povo canta na rua”, destaca o professor.

Um dos fundadores do Pacotão, o jornalista aposentado e filósofo Seu Cicinho, de 75 anos, diz que o bloco é “político, alcoólico, mulherio, democrático e independente”. O jornalista, que há dois anos, sofreu uma queda no trio elétrico, seguiu o trajeto de carona, no banco de passageiro, em um dos trios elétricos.

Neste ano, os foliões fizeram críticas a políticos, como o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, pela falta de apoio ao bloco. “O Pacotão sempre teve uma estrutura mínima para a banda. Em anos passados, já saímos com mais de 40 músicos. Hoje estamos com 22 músicos no trio elétrico”, disse Joca Pavarotti, também um dos fundadores do bloco e organizador do evento. Para ele, o ideal era que as bandas seguissem no chão, em interação com os foliões, mas o orçamento não permitiu essa estratégia.

Também foram alvo de críticas o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de corrupção, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado sob a suspeita de ocultar a propriedade de apartamento tríplex, no Condomínio Solaris, no Guarujá.

Depois da saída do bloco da 302 Norte, os garis entraram em ação. Segudo a gari Luzia Maria dos Santos, de 51 anos, em vez de procurar lixeiras, muitos foliões jogam tudo do chão. “A sujeira é grande. Jogam tudo no chão, e a gente sai atrás pegando”, disse Luzia, que já trabalhou em três carnavais. Ficam no chão latas de cerveja e refrigerante e até sabugo de milho.

O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) também aproveitou o evento para fazer uma campanha educativa. Vestidos com fantasias que lembravam morte e acidente, os servidores alertavam para o risco de ingerir bebidas alcoólicas e sair dirigindo. Os foliões também puderam testar o uso de bafômetros levados pelo Detran.

Agência Brasil

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