Hoje escrevo para mim mesmo,
não como quem busca respostas,
mas como quem aprende a conviver com as perguntas.
Escrevo a partir de um lugar onde os medos já não se escondem,
onde os sonhos, ainda que despedaçados,
revelam sua beleza em fragmentos.
Não há razão para enumerar lágrimas,
pois o pranto é apenas um fluxo,
parte de um rio que me molda e me leva adiante.
O que é o sofrimento, senão o peso de ser?
O que é a alegria, senão a aceitação do instante?
Hoje, escrevo para dialogar com a existência,
para compreender que a dor e o júbilo são irmãos,
companheiros na jornada que me constrói.
Não sou prisioneiro do passado,
nem espectador do futuro.
Sou o agora —
a soma de erros, acertos e resiliência.
Cada palavra que escrevo carrega o reflexo do meu ser,
não para justificar minhas cicatrizes,
mas para honrá-las.
Escrevo porque a tinta não exige verdades absolutas.
Ela aceita a incerteza,
acolhe o caos e a ordem,
como partes de um mesmo todo.
Hoje, estas palavras são meu refúgio filosófico,
um mapa traçado pelo coração,
guiando-me de volta ao que sou:
um ser imperfeito, mas inquebrantável,
um viajante no vasto oceano do tempo.
Assim, escrevo não para contar lágrimas,
mas para reconhecer que, mesmo ao cair,
elas trouxeram clareza.
Escrevo para lembrar que não sou meus fracassos,
não sou as sombras que me silenciaram.
Sou a luz que resiste,
a ponte que se ergue dentro de mim,
uma verdade que ainda se escreve.
As canções me devolverão teu nome,
a saudade habitará meus dias
e tuas palavras ah, essas sim
ficarão guardadas
como relíquias sagradas no relicário do meu peito.
Ainda que eu viva mil auroras,
nunca deixarei de te amar.
