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Parkinson, mal sem cura mas que é controlável, ataca 30 mil brasileiros a cada ano

Tremer de forma cada vez pior, ficar lento e endurecido para andar ou mover braços, perder parte da expressão no rosto, parte da coordenação motora e até mesmo o equilíbrio podem ser sintomas do Parkinson – segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela se torna mais frequente à medida do avançar da idade, acometendo 1% da população acima dos 60 anos, 3,3 % acima de 64 anos e 8,5% entre 80 e 85 anos. Só no Brasil, estima-se que mais de 30 mil casos surjam todos os anos.

Especialistas afirmam que o mal de Parkinson não tem cura, mas é controlável por tratamentos que amenizam os sintomas e permitem uma vida normal ou muito próxima do normal por muitos anos. Além disso, destacam que para 90% dos casos não há causa específica, embora existam diversos fatores contribuintes para a ocorrência da doença. Os principais pontos para o desenvolvimento da patologia são: predisposição genética, fatores ambientais, toxinas e o avanço da idade.

O médico Luiz Cláudio Modesto, neurocirurgião funcional do Hospital Santa Luzia, em Brasília, explica que a doença tem como características a deposição de certas proteínas e morte prematura de alguns neurônios específicos de algumas áreas do cérebro. “Como estes neurônios afetados têm muita importância no movimento, a marca principal da doença é exatamente a dificuldade de manter agilidade, velocidade e constância ao mover”, explica.

Dentre as teorias e observações cientificas sobre os motivos do desenvolvimento da Doença de Parkinson destaca-se atualmente a descoberta que certas proteínas que agem de forma similar aos vírus. “Elas não somente passam de uma célula para outra, como conseguem comandar esta nova célula e produzir initerruptamente mais e mais daquela proteína. Após estocar quantidade excessiva da proteína defeituosa, aquele neurônio morre. Este acúmulo de proteínas é típico da doença e prejudica especialmente as células do movimento”, exemplifica o especialista.

Os tratamentos indicados para controlar os sintomas do Parkinson são remédios que repõem, de alguma forma, uma substância cerebral denominada dopamina. “Sem a dopamina o movimento não finaliza com exatidão. Além das medicações, a prática de esportes estimula também o equilíbrio e a coordenação motora. Até o boxe sem luta, por ser atividade de treino de explosão, pode auxiliar. Neste caso, o paciente deve apenas treinar o movimento de bater num saco de areia, por exemplo, mas nunca receber pancadas”, alerta.

Em casos mais graves ou avançados, usualmente após 7 a 14 anos da doença, cirurgias modernas e delicadas, com estímulos elétricos entregues ao cérebro por dois pequenos eletrodos, podem ser realizadas.

Parkinson pugilístico – A lenda do boxe mais conhecida como Muhammad Ali, ou apenas Cassius Clay, tinha muitas dificuldades devido ao quadro de Parkinson. Nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, o atleta carregou a tocha dos jogos por determinado trecho, porém, era evidente que a função motora de Muhammad estava comprometida. Ele faleceu no último dia 3 de junho após uma luta de 32 anos contra a patologia.

Luiz Modesto explica que quando o quadro de sintomas do Parkinson ocorre em decorrência de um motivo conhecido se dá o nome de “Parkinson secundário”. O Parkinson pugilístico (ligado ao esporte boxe) se desenvolve de maneira diferente, motivado especificamente pelos repetidos traumas ao crânio nestas lutas. Em alguns casos o Parkinson pode decorrer de intoxicações por manganês ou até monóxido de carbono. Infecções, tumores, derrames e outras causas também podem existir.

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