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Pedro Simon, reserva moral, endossou o governo moral de Itamar Franco

José Escarlate

Sem partido, sem apoio, sem o voto popular, sem nada, Itamar Franco assumiu o governo em meio a uma crise econômica e social. Segundo o ex-senador Pedro Simon, “o povo não votou nele, o povo votou no Collor e o Congresso votou o impeachment do Collor”, acrescentando: “Se o Congresso botou o Itamar no Governo, então o Congresso era o responsável pelo Itamar”.

A partir daí, foi formada uma grande coalizão, similar ao pacto de Moncloa, na Espanha, após a ditadura Franco. Uma das reservas morais do país, o político gaúcho acusa a imprensa de levá-lo para o lado folclórico. “Na minha opinião – diz Pedro Simon -, Itamar Franco, pelas circunstâncias, fez o Governo mais sério e correto do Brasil”.

Assumindo interinamente a presidência da República, em 2 de outubro de 1992, Itamar manteve-se no gabinete da vice-presidência, durante a tramitação do processo de impeachment no Senado, já autorizado pela Câmara.

Discreto, “se fechou” ainda mais com seus assessores. Era um pequeno núcleo, incluindo Henrique Hargreaves, com quem discutia a crise. Às vezes alguns jornalistas, que cobriam a presidência, eram convidados para tomar um cafezinho com o “vice”. Antes, eram avisados de que a conversa seria em “off”, sem revelação da fonte.

Logo após a queda definitiva de Collor, em 29 de dezembro de 1992, Itamar convocou os presidentes de todos os partidos políticos, no Palácio da Alvorada, onde colocou as cartas na mesa.

Em breves palavras, disse que não buscou a presidência e que, se os partidos não lhe garantissem a governabilidade convocaria eleições gerais de imediato. Dias depois, reiterou o pedido aos líderes partidários no Congresso, recebendo apoio total. Tudo deveria ser resolvido com urgência.

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