Eu sei que eu pareço uma pessoa legal, tranquila, que topa uma boa viagem de carro sem reclamar. Mas deixa eu confessar: eu simplesmente não confio em ninguém no volante. Ninguém mesmo. E isso transforma qualquer viagem longa numa verdadeira maratona de tensão silenciosa.
Mesmo quando estou no banco do carona, teoricamente livre para relaxar e apreciar a paisagem, meu cérebro insiste em virar fiscal de trânsito. Eu fico acompanhando cada movimento do motorista: será que ele está freando na hora certa? Não está muito perto do carro da frente? Por que resolveu trocar de faixa agora? Até piscada de farol me deixa em estado de alerta.
Enquanto os outros passageiros roncam tranquilamente, eu estou ali, com os olhos bem abertos, pronta para dar uma de copilota não solicitada. Parece que eu faço parte de uma missão secreta: monitorar, avaliar e, se preciso for, soltar aquele clássico “cuidado!”. No fundo, eu sei que é cansativo, mas não consigo evitar.
Resumindo: viajar de carro comigo pode até ser divertido, mas não espere que eu durma no banco do carona. Relaxar, pra mim, só quando eu mesma estou dirigindo. Porque confiar no motorista… aí já é pedir demais.
