Geralmente, eu me considero uma pessoa de bom humor. Claro, nem sempre estou gargalhando por aí feito Coringa em festa infantil, mas, no geral, levo a vida com leveza. Agora, o que talvez me diferencie um pouco — ou muito — é o tipo de humor que me faz rir. Tenho um certo… como posso dizer… refinamento na esquisitice. Porque, veja bem, não sou fã de piadas que ridicularizam pessoas, especialmente aquelas que já carregam o mundo nas costas. Se a piada depende de alguém em situação de vulnerabilidade para funcionar, prefiro passar — e levar meu bom humor para outro canto.
Mas aí vem o paradoxo: o que me derruba mesmo, o que me faz perder a compostura e rir até bater na mesa é piada de tiozão. Isso mesmo. A piada mais velha que o RG do Silvio Santos. Aquela que você já ouviu 347 vezes, inclusive na festa de Natal passada, depois do pavê, antes da uva passa. E eu rio. Não só rio — eu gargalho. Mas não é só da piada em si. É do conjunto da obra. É o tiozão se preparando, ajeitando o bigode, com aquele brilho no olhar que só quem vai contar uma pérola do humor involuntário conhece. É o silêncio constrangedor que se segue. É a expressão das pessoas ao redor, entre a vergonha alheia e a vontade de sumir. É o momento exato em que todos os olhos se voltam ao autor da piada como se pudessem matá-lo só com o pensamento. Aquilo, minha gente, é arte. É performance.
Ontem mesmo, em plena tarde de sexta-feira, no auge da minha produtividade (mentira), abri o Instagram só para ver se o mundo ainda estava de pé — e me deparei com um vídeo de um sujeito dizendo, com a seriedade de um ministro da economia, que é essencial saber diferenciar uma multinacional de um mamute nacional. Eu nem sei direito o que ele queria dizer com isso. Talvez fosse uma crítica velada ao capitalismo globalizado, ou talvez ele só estivesse mesmo tentando emplacar um trocadilho infame. Mas, pra mim, pouco importa. Aquilo foi o ponto alto do meu dia. Fechei o aplicativo com a dignidade de quem já tinha rido o suficiente por um turno inteiro de trabalho.
E é assim que sigo: com um humor duvidoso, porém honesto. Se um dia você me vir rindo sozinha, não se preocupe. Provavelmente alguém acabou de falar “é pavê ou pacomê?”. E eu, como sempre, fui vencida.
