Eu gosto de poesia, mas não sei escrever. Adoraria saber. Para mim, talvez seja a arte mais complexa que existe: colocar em poucas palavras o que tantas vezes escapa da prosa, dar forma ao que sentimos e pensamos, às vezes até sem compreender direito. As pessoas que eu mais admiro são justamente aquelas que conseguem essa proeza: traduzir o indizível em versos, com ou sem rimas, e tocar quem lê.
Poesia me emociona profundamente. Tenho um carinho especial pelos românticos, com suas amadas inalcançáveis, seus suspiros eternos e a melancolia que se arrasta como um eco no coração. Também gosto dos parnasianos, com sua busca pela perfeição, versos limpos, sonoros, como se o amor pudesse ser esculpido em mármore.
Já com os modernistas tenho uma implicância difícil de explicar. Talvez me incomode a quebra brusca, a desconstrução excessiva, a ironia que, às vezes, afasta em vez de me aproximar. Mas, ainda assim, seria injusto negar que a poesia vive também dessa ousadia.
No entanto, o poeta que mais me emociona, aquele que invariavelmente me faz chorar, é justamente o modernista Drummond. Há nele uma simplicidade que fere fundo, uma honestidade que não permite disfarces. Drummond escreve sobre pedras, sobre dores, sobre ausências, e ao mesmo tempo fala de todos nós. É como se sua poesia fosse um espelho em que vejo refletidas minhas próprias fragilidades.
E talvez seja por isso que eu queira tanto aprender a escrever poesia: para, quem sabe um dia, alcançar esse milagre de dizer o indizível, como tão bem faz o poeta contemporâneo Daniel Marchi.
