A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da 15ª Delegacia de Polícia, deflagrou a Operação Falso Finan, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa acusada de aplicar dezenas de golpes utilizando a empresa Alfa Motors Prime, localizada na QNM 16, em Ceilândia Norte.
A operação visava o cumprimento de seis mandados de prisão preventiva e um mandado de busca e apreensão no estabelecimento comercial. Cinco alvos foram capturados, enquanto uma das investigadas não foi localizada e é considerada foragida da Justiça.
Durante a ação, um dos investigados foi preso no momento em que tentava fugir de sua casa, carregando uma mala de roupas, aproximadamente R$ 80 mil em espécie e uma arma de fogo produto furto.
Falsas promessas
Conforme apurado pela 15ª DP, a organização criminosa anunciava veículos com valores atrativos — bem abaixo da tabela FIPE — em plataformas como OLX, Instagram e Facebook. O objetivo era atrair vítimas de outros estados e induzi-las ao erro.
A dinâmica incluía:
1. Anúncios e contato online com falsos vendedores;
2. Negociação simulada, com vídeos e documentos para passar credibilidade;
3. Solicitação de sinal antecipado, no valor de 5.000,00 (cinco mil reais);
4. Desvio de discurso após o pagamento, alegando que o valor era apenas para uma “consultoria financeira”;
5. Não entrega do carro e devoluções parciais ou inexistentes.
Perfil das vítimas
As vítimas eram pessoas comuns, em sua maioria de classe média e baixa, residentes em outros Estados como Goiás, São Paulo, Bahia e Piauí, visando-se assim pulverizar as ocorrências policiais e dificultar qualquer investigação.
Durante a busca na loja, a Polícia Civil apreendeu o VW/GOLF vermelho, placas JIG6511-DF, utilizado reiteradamente nos golpes. Esse mesmo carro foi vendido fraudulentamente ao menos seis vezes para vítimas diferentes.
Também foram apreendidos notebooks, computadores, celulares e documentos, os quais serão periciados. A operação prossegue com a análise das novas provas obtidas, visando:
• Identificar o total de vítimas envolvidas;
• Mensurar o prejuízo financeiro causado;
• Mapear o lucro obtido pelos investigados;
• Identificar todos os integrantes do grupo criminoso.
Investigados identificados
A investigação revelou uma organização com divisão clara de tarefas, utilizando a empresa como fachada para os crimes:
• Marcos Vinícius da Silva Viana, 28 anos, Ericles Queiroz de Oliveira, 27 anos, e Joyce Larissa Alves Rodrigues, 29 anos: coordenadores e treinadores de vendedores;
• Maria Gabriele Oliveira dos Santos, 25 anos: responsável por receber valores via PIX em contas pessoais;
• Larissa Coimbra Costa, 29 anos: interlocutora com vítimas após o golpe, oferecendo desculpas e falsas promessas;
• Guilherme Silva Pereira, 27 anos: vendedor ativo diretamente envolvido em diversas ocorrências policiais.
As provas angariadas ajudaram a comprovar o funcionamento do esquema, inclusive com orientações dos investigados para outros funcionários da empresa para continuarem vendendo veículos já negociados a outras pessoas.
“Falso Finan”
O nome da operação — Falso Finan — faz alusão à principal mentira utilizada no golpe: a de que o valor pago pelas vítimas se referia à entrada de um veículo que seria financiado, quando na verdade o financiamento jamais iria ocorrer.
Crimes e penas
Os investigados irão responder por:
• Organização Criminosa, cuja pena é de 3 a 8 anos de reclusão, além de multa;
• Estelionato por cada uma das vítimas identificadas, com pena de 1 a 5 anos de reclusão, aumentada de um terço por se tratar de crime cometido por meio eletrônico
A somatória das penas pode ultrapassar décadas de prisão, a depender do número de vítimas confirmadas.
Denúncias
A Polícia Civil solicita que outras pessoas que tenham negociado com a Alfa Motors Prime e não receberam os veículos, ou que tenham informações relevantes sobre o caso, entrem em contato pelo Disque-Denúncia 197 ou compareçam pessoalmente à 15ª DP, em Ceilândia.
Maria Gabriele Oliveira dos Santos, 25 anos, segue foragida. Quem tiver informações sobre o seu paradeiro também pode denuncia através do 197
