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Políticos chinfrins criam enredo trapalhão em viagem insólita a Israel

Eu fico só observando. Em pleno início do conflito entre Irã e Israel, lá estavam eles: uma comitiva de brasileiros — políticos, prefeitos, secretários de estado, assessores de tudo quanto é tipo — circulando alegremente em território israelense, como se estivessem indo passar um feriado prolongado em Caldas Novas. No mínimo, curioso. No máximo, suspeitíssimo.

O Itamaraty, que não é exatamente conhecido por ser uma usina de alarmismo, já tinha soltado o aviso: “Senhores, não é uma boa ideia viajar para a região neste momento”. E o que fez a nossa trupe? Ignorou solenemente, como quem desobedece a placa de “proibido estacionar” achando que nunca vai dar multa. Só faltou postarem no Instagram: “Em missão internacional importantíssima, mesmo contra as recomendações oficiais. Deus nos proteja!”

Agora, eu pergunto: o que uma quantidade tão expressiva de autoridades brasileiras foi fazer em Israel justamente nesse momento? Turismo religioso? Negócios misteriosos? Um curso intensivo de política externa com o Netanyahu? Ou quem sabe alguma reunião de bastidores que nós, pobres mortais pagadores de impostos, jamais saberemos? É um mistério digno de um documentário de true crime.

E tem um detalhe que torna tudo ainda mais surreal: o chefe do Executivo brasileiro, o presidente da República, é persona non grata em Israel. Não é pouca coisa. E mesmo assim, uma verdadeira caravana institucional brasileira resolveu prestigiar justamente o governo israelense, num timing que parece — digamos — peculiar. Tem cheiro de coisa errada.

E para fechar o roteiro dessa comédia internacional, ontem veio a notícia: vários deles decidiram sair de Israel pela fronteira terrestre com a Jordânia. Olha o nível do improviso da operação “missão internacional importantíssima”. O Oriente Médio pegando fogo, mísseis voando, e os nossos políticos em excursão escolar precisando dar meia-volta pelas estradas no meio do deserto. Realmente, Brasil nunca decepciona.

Que façam boa viagem de retorno. E que a Polícia Federal já os espere no aeroporto, com bastante tempo e boas perguntas. Porque quando uma dezena de políticos brasileiros resolve ir pra zona de conflito enquanto o mundo inteiro foge dela, ou é burrice de proporção olímpica, ou é coisa que merece muita lupa em cima.

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