“Será que algum dia seremos felizes?” a pergunta ecoa entre o ceticismo e a esperança. A sociedade moderna vende a promessa da felicidade como mercadoria: basta consumir, alcançar, ascender. Mas a felicidade não se compra; ela se fabrica nas brechas do cotidiano.
Durkheim já dizia que a sociedade é um organismo que cria moralidades coletivas. Vivemos sob a moral da felicidade compulsória, em que sorrir é quase uma obrigação. O mundo perfeito talvez seja uma miragem: uma utopia que serve para que nunca nos sintamos completos.
Ainda assim, a busca persiste. A etnografia da vida comum mostra que os instantes de felicidade são fragmentos o café quente numa manhã fria, a conversa inesperada, o silêncio em paz com Deus.
Talvez não exista um mundo perfeito; talvez haja apenas pequenos mundos possíveis, onde a vida se reinventa. E se a felicidade for justamente isso: aceitar a imperfeição e, mesmo assim, insistir em acreditar que o amanhã pode ser melhor?
