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Presença de mico na cidade vale um mico no homem

Ontem levei minha filha ao parquinho e, para minha surpresa, nas árvores próximas havia um grupo de macaquinhos saltando de galho em galho. Minha filha, claro, ficou encantada. Os olhos dela brilhavam de curiosidade e alegria, como se tivesse acabado de encontrar um tesouro. Não é todo dia que se tem a chance de ver animais silvestres tão de pertinho, especialmente em meio à rotina da cidade.

Mas confesso: não foi apenas ela quem se entusiasmou. Eu também fiquei fascinada com a cena. Aqueles pequenos corpos ágeis, a naturalidade com que se moviam entre os galhos, a sensação de estar diante de algo ao mesmo tempo simples e extraordinário, tudo isso me cativou.

No caminho de volta, fiquei pensando em como a gente se urbanizou a ponto de transformar em espetáculo o que deveria ser banal: a presença da natureza. Um bando de macaquinhos, que antes faria parte do cotidiano, hoje nos causa êxtase porque já não faz parte da nossa vida diária. Percebemos a raridade, celebramos como se fosse um presente. E talvez seja mesmo.

Talvez esse encantamento seja um lembrete. Um convite para lembrar que a natureza não deveria ser exceção, mas regra; não uma surpresa escondida em um canto de parque, mas uma companhia constante nos espaços onde vivemos. Ontem, entre balanços e escorregadores, foi ela quem roubou a cena e nos ofereceu algo que nenhuma atração urbana poderia dar: a sensação de pertencimento a algo maior.

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