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Profecia e mistério que intrigam a humanidade

Por séculos, a humanidade olha para o céu como quem busca um sinal, um brilho diferente, um rumor divino que anuncie o retorno de Jesus Cristo. A chamada Segunda Vinda — ou parousia, como definem os teólogos — está entre as crenças mais antigas e persistentes do cristianismo. Seu enigma resiste ao tempo, aos impérios que caíram, às guerras que forjaram eras, aos avanços científicos que ampliaram o horizonte humano. E, ainda assim, continua viva, inquietante, aguardada.

A promessa não surgiu de rumores populares, mas das próprias palavras atribuídas ao Cristo. Segundo o Evangelho de João (14:1-3), Jesus confortou seus discípulos dizendo que voltaria para buscá-los: “Na casa de meu Pai há muitas moradas (…) virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo.” Desde então, a história humana não deixou de acompanhar essa expectativa silenciosa.

Por que Ele voltaria? A resposta — ao menos para os cristãos — está inscrita no plano de salvação. O Evangelho de João (5:25-29) e a carta aos Hebreus (9:28) apontam para um retorno carregado de propósito: completar o ciclo da redenção e reunir aqueles que aguardam pela eternidade prometida. Um gesto final, grandioso, que fechariam as páginas do tempo como o conhecemos.

Nenhuma questão intrigou tanto os fiéis quanto essa. E nenhuma foi respondida com tanta clareza enigmática. Em Marcos 13:32, a resposta ecoa desde a Antiguidade: “Daquele dia e hora ninguém sabe.” Nem anjos. Nem profetas. Nem o Filho. Apenas o Pai.

Na história, milhões tentaram prever, calcular, mapear sinais. Datas foram lançadas — e derrubadas. Se Jesus volta amanhã ou daqui a mil anos, permanece o grande suspense que orbita o cristianismo. O que a Bíblia orienta, no entanto, é simples: estejam prontos. Marcos 13:33 reforça: “Olhai, vigiai e orai.”

Se ninguém conhece o dia, muitos tentam decifrar os sinais — uma espécie de “cobertura ao vivo” do que antecederia o retorno. Os Evangelhos apresentam pistas que, ao longo dos séculos, têm sido observadas e interpretadas como manchetes proféticas:

A proliferação de líderes que se autoproclamam enviados divinos é citada em Mateus 24:24 como um dos primeiros alertas.

Conflitos se repetem desde o início da humanidade, mas a Bíblia indica que sua intensificação antecederia eventos maiores. “Nação contra nação”, diz Mateus 24:6-7.

A natureza e suas convulsões também aparecem como prenúncios. Da fome à peste, dos tremores ao caos humano, os sinais atravessam o planeta como notas de rodapé de uma profecia inquietante.

Em um mundo onde o distanciamento humano às vezes parece crescer, Mateus 24:12 soa quase contemporâneo: “O amor de muitos esfriará.”

A literatura apocalíptica alcança seu auge quando descreve o momento que antecede o retorno: sol que se apaga, lua que não reluz, estrelas que caem. Um cenário cósmico que faz tremer até os mais céticos.

A angústia humana diante da espera contrasta com o conceito divino de tempo. A segunda carta de Pedro (3:8-9) lembra que para Deus “mil anos são como um dia” — uma forma poética de dizer que o cronômetro celestial tem outra lógica.

Segundo Mateus 24:30, não haverá dúvidas: “aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem”. Seja qual for esse sinal — um clarão, uma visão, um fenômeno indescritível —, a Bíblia assegura que o mundo inteiro verá.

A Segunda Vinda permanece assim: um jornal inacabado, com manchetes anunciadas há dois milênios, ainda à espera de sua edição final. Entre o mistério, a fé e o suspense, a humanidade segue olhando para o céu. E talvez seja justamente essa vigília que mantém vivo o elo entre o divino e o terreno, entre o que somos e o que ainda esperamos ser.

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