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PT vive velho dilema com Rollemberg. Se ficar bicho come, se…

O PT brasiliense vive uma situação difícil quando a pauta é a relação com o futuro governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Após a derrota do governador Agnelo Queiroz (e não do partido) já no primeiro turno, a legenda se vê entre a cruz e a espada. As alternativas acerca de que rumo tomar são contraditórias.  Há recheio de antagonismo e insatisfação.

O velho dilema de se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, cria um impasse embaraçoso para quem sobreviveu nas urnas. Caberá justamente aos petistas históricos, que não aceitaram as benesses recheadas de contradições de Agnelo, empregar uma linguagem e gestos hegemônicos, para que a legenda sobreviva.

Baixada a cortina da disputa eleitoral, a deputada federal reeleita Érika Kokay surge como principal liderança do PT em Brasília. E ela, mais do que nunca, precisa ser afoita sem ser afobada. Manter, como sugerem seus correligionários, a velha postura precavida, com os pés no chão.

Líder por natureza, Érika Kokay vem mantendo encontros reservados com petistas autênticos. Em particular os que lograram êxito nas urnas e que foram reconduzidos para a Câmara Legislativa. Na linha de frente ela destaca Wasny de Roure, presidente do Legislativo brasiliense, e os dois Chico (Leite e Vigilante). O novato Ricardo Vale é apêndice. Tem a opção de compor com o grupo ou correr o risco de ser descartado.

Érika sabe que a sobrevivência do PT passa necessariamente por uma composição com Rodrigo Rollemberg. Mas não o PT de Agnelo Queiroz. O governador eleito andou sinalizando que gostaria de ter ao seu lado os petistas aguerridos, audaciosos e intrépidos, que não se acanham nem se entregam. E que aceitam compor em nome da governabilidade.

A deputada sabe, tanto quanto seus pares, que se o governo socialista que assumirá o Palácio do Buriti em 2015 for mau das pernas, a direita, representada por Alberto Fraga, ficará com a chave para abrir a porta em 2018. O PT, portanto, não pode fugir da sua responsabilidade.

A responsabilidade de Érika Kokay é grande. Ela precisa aparar arestas e puxar orelhas. Como as do conselheiro do Tribunal de Contas Paulo Tadeu, que costuma fazer do PT uma espécie de trampolim, embora viva em queda livre de tobogã. Não é por ter feito um irmão distrital, que o ex-braço direito de Agnelo Queiroz ditará normas e tentará impor a condição de porta-voz.

Érika reconhece que a situação do partido é delicada. O PT não pode radicalizar, mas também não pode abraçar e fazer afagos em Rodrigo Rollemberg, porque a ferida eleitoral ainda está cicatrizando. A vantagem é que, do alto de toda a sua experiência, a deputada sabe que o bicho que come se ficar, ou pega se correr, não é tão feio assim. E que se o jogo for limpo, todo mundo pode manter a cabeça erguida e ser brindado pela sociedade com o sorriso da vitória.

Editado originalmente em naredecomjoseseabra.com.br

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