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PT vai ficar de olho em Rollemberg, mas pode até dar uma mãozinha

No início dos anos 90, na primeira composição de deputados distritais da Câmara Legislativa, o Partido dos Trabalhadores não era quem comandava o Palácio do Buriti. Eram adversários políticos de quem governava. Mas ao contrário de como se comporta a oposição dos dias de hoje, os vermelhos faziam estardalhaço.

Cinco parlamentares formavam o front petista. Do outro lado da trincheira, o governador Joaquim Roriz acabara de assumir o mandato democraticamente eleito pela população. Antes disse, havia comandado o GDF por dois anos, nomeado pelo então presidente da República, José Sarney.

No decorrer dos anos, foram cinco legislaturas, duas delas com o PT no governo. A segunda finaliza no próximo 1º de janeiro marcada por uma derrota, para muitos, humilhante. Agnelo Queiroz não conseguiu nem ir para o segundo turno.

De sua sede no DF, mais precisamente no Conic, o PT viu seu candidato ao Senado ficar em terceiro lugar. E seu quadro na Câmara Federal ser representada por apenas uma parlamentar, a deputada Érika Kokay, quando na atual legislatura era de três.. Sobra então para a sigla voltar às origens e formar o bloco de oposição.

A pergunta no ar é como essa oposição vai se comportar diante de uma derrocada acentuada. Reeleito para distrital, Chico Vigilante foi a primeiro a se firmar como oposição ao governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). “Primeiro nós temos um projeto nacional que é o da Dilma Rousseff, no qual o PSB é contra. Não tem sentido apoiá-lo”, diz o petista.

Embora seja considerado o mais xiita da oposição, Vigilante afirma que fará um embate propositivo. Ele avaliou a atual base da CLDF: “Ela não resultou em votos para a reeleição de Agnelo, mas em projetos para a sociedade”, explica.

Na mesma linha de raciocínio, a deputada federal Érika Kokay afirma que fará a oposição, desde que não haja flexibilidade nos princípios do partido em acordos. “O governo de Agnelo Queiroz não teve a identidade do PT”, definiu a deputada, com um bom exemplo da alianças despidas dos interesses da sociedade.

Ainda para ilustrar como será sua oposição não conservadora demais, ela usou a história da mitologia grega de Medeia. Uma feiticeira que matou seus próprios filhos para se vingar de seu amante, já que este lhe largou por uma princesa. O PT vai pensar no povo, segundo ela. Comparações a parte, Érika tende a não ser um algoz de Rollemberg, mas que fará cobranças de compromissos.

Único remanescente do PT de 90, o presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure, prega diálogo. Quer saber se o novo governo terá um canal de comunicação sem ruídos com a oposição da CLDF. Entretanto, avalia que as críticas feitas por Rollemberg a Agnelo acabaram por complicar essa relação. Ele inclusive afirma que votou no socialista, mas recebeu uma enxovalhada de objeções de militantes petistas por conta disso.

Questionado sobre uma comparação da oposição da primeira legislatura e a próxima, Wasny afirma que o PT amadureceu. Principalmente porque a legenda conheceu as dificuldades da máquina administrativa de perto. “Não podemos ser oposição por oposição”, sugere.

Dos quatro petistas com mandato que foram reconduzidos a mais um período no Poder Legislativo local e federal, restou saber a manifestação do deputado Chico Leite. Procurado durante toda a semana, ele não foi localizado. Mas o espaço de Chico Leite, em havendo disposição da parte dele em falar sobre seu futuro relacionamento com o Palácio do Buriti, está garantido em Notibras.

Elton Santos

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