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Quando a dor é invisível, mas o paciente é palpável

Eu não sirvo para o frio. E não é força de expressão. Quem tem fibromialgia vai entender o que estou dizendo. Quando a temperatura cai, meu corpo se transforma em um campo de dor. É como se todos os meus nervos gritassem ao mesmo tempo, como se cada parte de mim estivesse em guerra. Músculos rígidos, articulações doloridas, sensibilidade à flor da pele. Às vezes, até respirar dói.

Enquanto muitos se encantam com o charme do inverno, eu só conto os dias para ele acabar. Porque o frio não traz só cobertores e café quente. Ele traz sofrimento real. Ele traz crises. Traz cansaço. Traz lágrimas que ninguém vê.

É difícil explicar o que é viver com fibromialgia. É como carregar um peso invisível, todos os dias. Um peso que aumenta no frio. Um peso que me impede de ser quem eu era antes. Que me obriga a sorrir enquanto estou desmoronando por dentro.

E o que mais dói, além da dor física, é a invisibilidade. É o julgamento. É ouvir que “é só uma dorzinha”, que “todo mundo sente”, que “é psicológico”. Mas não é. É real. É limitante. É exaustivo. E no frio, tudo piora. O corpo pesa mais, o ânimo desaparece, a vontade de viver se esconde debaixo de camadas de dor.

Então, não. Eu não sirvo para o frio. E tá tudo bem. Porque eu aprendi a me ouvir. A respeitar meus limites. A parar de fingir. E, principalmente, a falar. Porque minha dor pode ser invisível, mas eu não sou.

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