É impressionante a cara de pau de certos grupos. Passam o tempo inteiro defendendo com unhas e dentes a tal da “liberdade de expressão irrestrita”, mas, curiosamente, só quando isso favorece os próprios interesses. São os mesmos que acham normal espalhar fake news, atacar minorias, ofender adversários políticos e até flertar com discursos criminosos e nazistas.
Alegam que estão apenas “exercendo o direito de falar o que pensam”. Mas basta serem alvo de alguma crítica, uma denúncia ou até uma simples ironia, que o discurso muda completamente. De uma hora pra outra, viram os donos da moral e da honra, correndo para a Justiça, ameaçando processo, pedindo censura e exigindo respeito.
Uai, cadê aquela liberdade toda que eles diziam defender? Não era “cada um fala o que quiser e aguenta as consequências”? Pois é. A tal liberdade que tanto pregam só serve quando é usada para atacar os outros. Quando o dedo aponta pra eles, quando a crítica os atinge ou quando a verdade dói, aí a conversa muda. Vestem a fantasia de vítimas, posam como injustiçados e tentam calar quem os confronta com a verdade.
Esse comportamento é tão contraditório, que escancara a covardia. É a velha prática de bancar o valentão enquanto está no ataque, mas agir como criança birrenta quando é questionado. Eles querem uma liberdade de expressão que seja de mão única: podem ofender, difamar e espalhar boatos à vontade, mas não aceitam ser expostos, confrontados ou responsabilizados por seus crimes. Isso não é liberdade. É privilégio travestido de princípio.
E o mais grave é que esse tipo de postura vai além da hipocrisia. Ela mina a credibilidade de um dos pilares fundamentais da democracia: o direito de se expressar. Porque, quando se banaliza esse direito e se usa ele como desculpa pra cometer atos criminosos, as pessoas acabam desacreditando do próprio conceito. Liberdade de expressão não é escudo pra canalhice, nem desculpa para a impunidade. É um direito que vem com responsabilidades, e isso inclui aceitar o contraditório, o confronto de ideias, e, sim, até a exposição pública quando se faz algo errado.
É hora de parar de cair nesse teatro barato. Quem defende liberdade de expressão só pra si mesmo, na verdade, não defende liberdade nenhuma. Só está lutando por isenção de responsabilidade, controle e conveniência.
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Rafaela Fernanda Lopes, fenômeno atualizado de filósofos gregos, é escritora e poeta, autora de obras que exploram sentimentos, transtornos mentais, relações humanas e resistência social. Atua também como defensora ativa das causas progressistas nas redes.
