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Quando a memória dói e ninguém se preocupa em escutar

Nas periferias do Brasil, cresce o número de idosos com transtornos cognitivos sem diagnóstico. O Alzheimer não chega sozinho, ele carrega o abandono, a solidão e o desprezo institucionalizado. Pierre Bourdieu diria que há uma violência simbólica na maneira como tratamos a velhice: como algo descartável, sem valor.

As velhices femininas e negras, especialmente, são atravessadas por múltiplas camadas de invisibilidade. A antropóloga Margaret Lock propõe pensar a demência não apenas como declínio biológico, mas como experiência social. Nesse sentido, o esquecimento não é só sintoma da mente é sintoma de uma sociedade que também prefere não lembrar da dívida histórica que tem com seus idosos.

Enquanto os discursos sobre longevidade circulam nas redes com filtros dourados, há avós sendo negligenciadas em suas dores mais íntimas. A saúde mental na velhice exige mais que medicação: exige reparação, presença, reconhecimento.

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