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Quando a religiosidade age como medicina social

Muitas pessoas encontram na espiritualidade um apoio contra a dor psíquica. Nas igrejas evangélicas, nos terreiros de candomblé, nos grupos católicos, há acolhimento onde o sistema falha. Mas também há riscos: quando a fé vira repressão do sintoma, ou negação do tratamento.

Marcel Mauss nos ensinou que o corpo é social. E os corpos que sofrem mentalmente também precisam de espaços simbólicos para elaborar suas dores. A fé pode ser cura, mas também controle. A fronteira é tênue. É preciso respeitar o sagrado sem abrir mão da ciência e vice-versa.

A saúde mental, quando vista pelas lentes da Antropologia Médica, se revela como um campo de disputa de sentidos. A cura não é só a ausência de sintomas, é a presença de comunidade, de sentido, de acolhimento. E nisso, talvez, a fé ainda tenha muito a nos ensinar.

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