Ontem assisti ao clássico Pequeno Grande Homem, com Dustin Hoffman, um filme de 1970. Já fazia tempo que eu não via um faroeste. E confesso: que prazer foi voltar a esse tipo de cinema. Filmes de faroeste são uma espécie de arte antiga e esquecida. Há neles uma cadência diferente, uma forma de contar histórias que já não existem mais. O tempo parece correr de outro jeito, os silêncios falam tanto quanto os diálogos, e os personagens, mesmo os mais caricatos, têm uma densidade que o cinema atual parece ter perdido.
Os faroestes mais recentes até tentam reproduzir essa atmosfera, mas falham. São bonitos tecnicamente, têm fotografia impecável, mas falta alma. Falta aquele romantismo rústico, aquele senso de tragédia moral, aquele olhar para o deserto que parece olhar também para dentro da gente.
Enquanto via Dustin Hoffman envelhecendo, lembrando sua trajetória entre os brancos e os indígenas, pensei que eu preciso ver mais filmes antigos, mais faroestes. O cinema dos Estados Unidos já foi muito melhor do que é hoje. Houve um tempo em que Hollywood fazia arte, não apenas entretenimento. Hoje, tudo parece calculado, cronometrado, embalado para consumo rápido.
Ver Pequeno Grande Homem foi como abrir um álbum de fotografias antigas: uma lembrança de que o cinema pode ser grande mesmo quando é simples, pode ser profundo mesmo quando fala de coisas que parecem distantes. Talvez eu volte a fazer isso com mais frequência: revisitar os filmes que me lembram que o cinema já foi, antes de tudo, arte.
