Tendo em vista o quanto amamos o diálogo, o silêncio é o maior sinal de que desistimos. Porque quem sempre acreditou na conversa, quem tentou entender, explicar, acolher, só se cala quando já não há mais o que salvar. O silêncio não vem do desinteresse vem do cansaço. Vem depois de muitas palavras não ouvidas, de tentativas que se perderam no ar, de explicações que não fizeram diferença.
Chega um momento em que o coração entende que continuar falando é insistir em um muro. E então, escolhemos o silêncio. Não como fuga, mas como autoproteção. É o corpo dizendo: “já demos tudo”. É a alma pedindo descanso.
O silêncio tem um som próprio o som de quem aprendeu a não implorar pra ser compreendido. De quem entendeu que paz não se negocia, que amor não se convence, que respeito não se mendiga. E nessa ausência de palavras, há uma presença nova: a da lucidez.
Quando o silêncio chega, é porque algo dentro de nós amadureceu. Deixamos de tentar provar, justificar, mudar o outro. Passamos apenas a existir, com dignidade e calma.
O silêncio, nesse ponto, não é vazio. É um recomeço discreto o instante em que deixamos de pedir e começamos a nos ouvir. E talvez seja isso o que significa desistir com amor: não abandonar o outro, mas finalmente voltar pra si.
