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Quando o sinal muda, mas a exclusão social permanece

O digital chegou. A imagem é mais nítida, o som é limpo. Mas quem segura o controle remoto?

Com o desligamento do sinal analógico, milhões ficaram no escuro não por falta de luz, mas por falta de acesso. A transição tecnológica, como quase tudo no Brasil, é desigual.

A antropóloga Lilia Schwarcz diria que somos um país onde a modernidade caminha com a senzala no porão. Enquanto se celebra a TV 4K e as smart TVs, há avós sem saber apertar o botão certo, crianças que perderam o único canal que tinham, favelas que não recebem sinal nem sequer de dignidade.

A tecnologia deveria ser ponte. Mas no Brasil, às vezes, é muro. Um muro de silício, tela e silêncio. A promessa de conectividade global esbarra em territórios onde o digital não chega ou chega distorcido, como se os cabos da modernidade estivessem mal instalados na alma nacional.

Marshall McLuhan disse que “o meio é a mensagem”. No Brasil, o meio foi cortado e a mensagem, perdida. Ou melhor: ouvida apenas por quem já estava do lado de lá da tela.

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Emanuelle Nascimento, colaboradora permanente do Café Literário, escreve textos também para outras editorias de Notibras

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